Casagrande critica omissão da CBF e Bolsonaro: ‘Governo da morte, não da vida’
Pelo protocolo da CBF, é necessário que haja pelo menos 13 jogadores disponíveis para que a partida possa ocorrer
Walter Casagrande, 57, fez duras críticas à CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e ao governo Bolsonaro durante participação na edição de São Paulo do Globo Esporte desta sexta-feira (15). O comentário foi após a exibição de uma reportagem mostrando o que ocorreu no jogo entre Guarani e Cuiabá na quinta-feira (14).
O time de Campinas estava com 17 jogadores afastados por causa da covid-19. Além disso, havia um jogador suspenso e outro lesionado. Com isso, havia apenas 12 jogadores disponíveis para a partida. Com isso, o volante Lucas Abreu, que não estava relacionado, teve que ir correndo para completar o time –ele chegou 18 minutos antes do início do jogo.
Pelo protocolo da CBF, é necessário que haja pelo menos 13 jogadores disponíveis para que a partida possa ocorrer. Mesmo assim, o Guarani levou uma goleada do adversário. O jogo terminou em 4 a 0 para o Cuiabá.
Casão, como é conhecido o ex-jogador e comentarista, defendeu que o jogo não deveria ter sido realizado. “O futebol voltou num dia em que tinham morrido duas pessoas no hospital que tinham feito do lado do Maracanã”, lembrou. “E o Flamengo jogou ali. Então já começou dessa maneira: sem empatia, sem responsabilidade, sem ligar para as pessoas.”
“O que aconteceu ontem, não tem acordo, não tem combinado, não tem acerto”, afirmou. “A empatia e preocupação com a saúde das pessoas tem que ficar acima de qualquer coisa.”
“Onde que está a CBF num momento desses?”, questionou. “A CBF é omissa, está sendo omissa nesse ano todo aí de pandemia. A CBF está preocupada em cumprir a tabela do campeonato, os jogos, essas coisas.”
“Saúde do jogador? Tem oito com Covid, troca, põe outros”, continuou. “Para eles, tanto faz. O jogador de futebol hoje nessa pandemia está parecendo um copo, você tira daqui põe ali. Se o copo quebrar, pega outro.”
“Isso é uma coisa que machuca. E eu fico indignado”, finalizou. “A CBF, junto com o Governo Federal, [que] é um governo da morte, não é um governo da vida. E a CBF está indo no mesmo caminho, sem se preocupar com a vida de ninguém.”
Nessa fala, Casão fez referência a um texto publicado em seu blog no GE.com, com o título “O Governo da Morte, Não da Vida”. Nele, Casagrande aprofundou suas críticas ao governo Bolsonaro.
“A irresponsabilidade do governo federal e das pessoas que seguem os passos de uma liderança egoísta, incompetente, sem o mínimo respeito pelos brasileiros que estão morrendo desde março de 2020, dá no que vemos: o Brasil voltou ao pico das contaminações”, apontou. “Fico triste e me assusta saber que pessoas estão morrendo asfixiadas por falta de oxigênio em Manaus, mas, na verdade, estamos sem respirar já faz dois anos.”
Ele ainda critica a desinformação que leva as pessoas a terem medo de se vacinarem. “Tudo graças aos nossos representantes que nos fazem ser ridicularizados mundo afora, um clã de pessoas perversas com a única preocupação de reeleger uma pessoa capaz apenas de acabar com o horário de verão, sua grande obra”, disse.
“Fora disso, só pensa em armas, em mentir, enganar, destruir”, avaliou. “Ou vestir dezenas de camisas de clubes de futebol, típico de um vira-casaca, que bate continência para bandeiras estrangeiras e não deixa o Brasil respirar.”
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