Votação no Equador começa com filas, apesar de medidas contra aglomeração
Principais candidatos na disputa são Andrés Arauz, apoiado pelo ex-presidente Rafael Correa, Guilhermo Lasso, de centro-direita, e o líder indígena Yaku Pérez
O dia da eleição presidencial no Equador começou com longas filas nos principais centros urbanos e com demoras para a abertura de mesas no interior.
Treze milhões de equatorianos são esperados neste domingo (7) nos centros de votação. Os principais candidatos na disputa são Andrés Arauz, apoiado pelo ex-presidente Rafael Correa, Guilhermo Lasso, de centro-direita, e o líder indígena Yaku Pérez.
Embora as autoridades tenham orientado os eleitores a votar em horários separados -de manhã os que têm o documento de identidade com o final par, e de tarde os que têm em final ímpar-, para evitar aglomerações, nas primeiras horas deste domingo (7) isso não foi cumprido.
“Não dá para pedir isso, nós sempre votamos juntos, depois almoçamos e temos cada um coisas a fazer. Aqui em Quito sempre se procura votar de manhã e junto, porque é preciso se locomover até o local de votação. Separar o voto de cada um atrapalha a família”, diz Nataly Junqueira, 29, em um centro de votação em Quito no subúrbio da cidade.
Ela estava acompanhada do pai, que trabalha num mercado de comida, do marido, que é motorista de táxi e de uma cunhada. Junquera, é garçonete, mas está sem trabalho. Ela cuida dos dois filhos do casal.
“Estamos muito preocupados com o impacto da pandemia na votação. Primeiro por conta dessas dificuldades de manter a distância social nas filas e as aglomerações. Depois, porque há candidatos jogando com o medo da contaminação, o que pode impactar no comparecimento às urnas. Por outro lado, as autoridades devem cumprir as medidas sanitárias para que ninguém se contagie”, contou à Folha o norte-americano David Adler, observador pela organização Internacional Progressista.
O Equador enfrenta um novo aumento de casos de coronavírus, que alguns epidemiologistas já identificam como uma segunda onda. No sábado (6), registrou-se um novo recorde de cifras de contagiados e mortos pelo país. Desta vez, o epicentro dos novos casos é a província de Pichincha, onde está localizada a capital do país, Quito.
Segundo o Ministério da Saúde, houve mais 1.672 pessoas hospitalizadas no sábado, recorde neste ano.
Nos últimos dias, o número de internados pela doença têm estado acima de mil, o que ameaça o sistema hospitalar do país. O Equador atingiu, neste fim de semana, a marca de 15 mil mortos, segundo cifras da Universidade Johns Hopkins.
Há uma preocupação com a contagem dos votos, pois na última eleição presidencial houve um “apagão”, quando o sistema de contagem caiu, e gerou dúvidas sobre se todos os votos haviam sido contabilizados.
Como a diferença entre o vencedor, o atual presidente, Lenín Moreno, e o segundo colocado, Guillermo Lasso, foi muito pequena, este saiu a protestar dizendo que houve fraudes. O voto não é eletrônico no país.
“Seria importante que isso não ocorresse novamente, para não gerar manifestações, que serão negativas para a legitimação do resultado, e podem gerar aglomerações que aumentem o risco de contágios. Por enquanto, estamos reparando que há poucos fiscais dos partidos para acompanhar a contagem. E isso pode ser problemático”, afirma Adler.
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