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Em discurso de posse, novo chanceler defende ‘diplomacia da vacina’ e desenvolvimento sustentável


Por Folhapress Publicado 06/04/2021
Foto: Marcos Corrêa/PR

Em seu primeiro discurso após assumir o cargo, nesta terça-feira (6), o novo ministro das Relações Exteriores, Carlos França, prometeu engajar o Itamaraty numa “verdadeira diplomacia da saúde” e colocou a área do desenvolvimento sustentável como uma das prioridades da sua gestão. França, indicado na semana passada para assumir o Itamaraty no lugar de Ernesto Araújo, participou de cerimônia de transmissão de cargo no Palácio do Planalto.

O ato foi fechado, sem transmissão, e o Itamaraty divulgou posteriormente o discurso do novo chanceler.
A fala de França contrasta com os discursos de seu antecessor, um dos expoentes da ala ideológica do governo Bolsonaro. Ernesto costumava destacar temas como a defesa das identidades nacionais e críticas a slogans políticos usados por movimentos populistas de direita, como o chamado globalismo.

“As missões diplomáticas e Consulados do Brasil no exterior estarão cada vez mais engajados numa verdadeira diplomacia da saúde. Em diferentes partes do mundo, serão crescentes os contatos com governos e laboratórios, para mapear as vacinas disponíveis. Serão crescentes as consultas a governos e farmacêuticas, na busca de remédios necessários ao tratamento dos pacientes em estado mais grave. São aportes da frente externa que podemos e devemos trazer para o esforço interno de combate à pandemia. Aportes que não bastam em si, mas que podem ser decisivos”, disse França.

“Meu compromisso, enfim, é engajar o Brasil em intenso esforço de cooperação internacional, sem exclusões. E abrir novos caminhos de atuação diplomática, sem preferências desta ou daquela natureza”. Nas semanas que antecederam a queda de Ernesto, o agora ex-chanceler foi apontado por parlamentares e empresários como um dos entraves do Brasil para a obtenção de vacinas no exterior. A principal crítica contra Ernesto foi seu histórico de rixas com a China, um dos principais fornecedores de insumos para imunizantes e de medicamentos no mercado internacional.

Ernesto adotou desde o início de sua gestão uma posição de confrontação com o país asiático e praticamente rompeu os canais de comunicação com a missão diplomática chinesa em Brasília. Carlos França, por sua vez, evitou em seu pronunciamento de estreia referências ideológicas associadas ao ex-chanceler ou mesmo os ataques de Ernesto a organismos multilaterais.

Ele elogiou, por exemplo, recente apelo da nova diretora-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), Ngozi Okonjo-Iweala para a ampliação do acesso a vacinas contra a Covid-19. Outro ponto importante do discurso de Carlos França é o que ele chamou de “urgência climática”. Ele afirmou que é preciso “manter o Brasil na vanguarda do desenvolvimento sustentável e limpo”.

França argumentou que o Brasil possui uma matriz energética “predominantemente renovável”, com um setor elétrico de baixo carbono; afirmou ainda que a produção agrícola brasileira tem a “marca da sustentabilidade”, que o país conta com uma legislação ambiental rigorosa e possui metas ambiciosas de descarbonização
“Não se trata de negar os desafios, que obviamente persistem. O fato é que o Brasil, em matéria de desenvolvimento sustentável, está na coluna das soluções”, disse.

O tema ambiental está no centro das relações bilaterais entre Brasil e Estados Unidos, outra prioridade da gestão do novo chanceler. O presidente Joe Biden colocou o combate contra as mudanças climáticas como um dos pilares de seu governo e autoridades americanas têm mantido conversas com a administração Bolsonaro sobre o desmatamento na Amazônia.

No final de abril, Biden deve realizar uma cúpula com líderes mundiais sobre mudanças climáticas. Os americanos pressionam o Brasil por um plano ambicioso e factível de controle do desmatamento e por novas metas de redução de CO2. Ao final de seu pronunciamento, França fez uma defesa do multilateralismo, outro conceito criticado por Ernesto.

Mas o novo chanceler, apesar de destacar que o Brasil sempre foi relevante no espaço do “diálogo multilateral”, ponderou que isso não significa “aderir a toda e qualquer tentativa de consenso que venha a emergir, nas Nações Unidas ou em outras instâncias”.

“Não precisa ser assim e não pode ser assim. O que nos orienta, antes de tudo, são nossos valores e interesses. Em nome desses valores e interesses, continuaremos a apostar no diálogo como método diplomático. Método que abre possibilidades de arranjos e convergências que sempre soubemos explorar em nosso favor. O consenso multilateral bem trabalhado também é expressão da soberania nacional”, afirmou.

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