Relaxado, Messi lidera e canta hino, mas tem Copa América apagada
Reclamar que ele não cantava o hino era uma das críticas mais comuns e sinal, segundo quem se queixava, de que o atacante não tinha garra e não se importava em jogar pela seleção como Maradona, por exemplo
Lionel Messi ouviu uma pergunta inusitada ao passar pelos jornalistas após a vitória sobre a Venezuela. Inusitada pelo menos para quem não é argentino.
“Por que você cantou o hino?”. O camisa 10 sorriu. Talvez esperasse o questionamento sobre o motivo para estar mal na Copa América. “Fiquei com vontade de cantar e cantei.”
Essa foi outra faceta neste torneio de um jogador diferente fora de campo do que a torcida do seu país está acostumado a ver.
Reclamar que ele não cantava o hino era uma das críticas mais comuns e sinal, segundo quem se queixava, de que o atacante não tinha garra e não se importava em jogar pela seleção como Maradona, por exemplo.
O contraste com a imagem de Diego xingando diante da TV (e para todo o mundo) os italianos que vaiavam o hino argentino pouco antes da final da Copa do Mundo de 1990, contra a então Alemanha Ocidental, não poderia ser mais clara.
Não é só isso. Messi tem sido o líder que muitos argentinos pensaram que ele não tinha vocação para ser. Fala com os jornalistas como jamais aconteceu em torneios oficiais. Parece mais relaxado, sem carregar o peso do mundo nos ombros.
Mas depois de quatro partidas pela competição, Lionel Messi, o jogador que o zagueiro da seleção brasileira Thiago Silva definiu com o “maior da história”, não mostra bom futebol. E ele sabe disso.
“Não está sendo minha melhor Copa América, a que eu esperava, Mas não se pode jogar muito para atacar, fazer algo diferente. Os times têm muita gente no meio-campo. O importante é que vencemos, temos que seguir”, reconheceu depois dos 2 a 0 sobre a Venezuela nas quartas de final.
O resultado colocou a Argentina na semifinal para enfrentar o Brasil nesta terça (2), no Mineirão.
Uma das explicações apresentadas por Messi foi as condições dos gramados do torneio. “Uma vergonha”, segundo ele. Com as equipes empilhando marcadores no meio de campo, seria preciso trocar passes de maneira mais rápida. Os campos impediriam isso.
“A bola quica como um coelho”, se queixou. O capitão argentino reconhece, mesmo assim, que tem deixado a desejar em campo. É curioso porque, durante quase toda sua carreira com a seleção, uma das maiores queixas da imprensa era que alguém no ataque precisava se apresentar para ser o companheiro ideal de Lionel Messi.
Agora, com Lautaro Martínez como o maior destaque argentino da Copa América, torna-se necessário que o camisa 10 cresça de rendimento.
Messi tem apenas um gol marcado na Copa América deste ano. Foi de pênalti, contra o Paraguai. Ainda não deu nenhuma assistência. Suas cobranças de falta, que resultaram em gols memoráveis para o Barcelona na última temporada, têm sido fracas e defendidas sem esforço pelos goleiros.
Mesmo em lances que poderiam ser fáceis para ele, como tentar driblar o marcador no mano a mano, não consegue finalizar as jogadas.
“O que ele gera para a equipe não pode ser desprezado, não importa qualquer estatística. Leo dá peso e moral para a seleção. Não creio que tenha jogado tão mal, talvez faltem os gols. Mas, quando acontecer, todos vão lembrar quem ele é”, elogiou o meia Rodrigo De Paul.
Um dos motivos para Messi estar mais relaxado, em comparação com a Copa do Mundo da Rússia, por exemplo, é a proximidade da família. A mulher, Antonella, e os filhos Thiago, 6, Mateo, 3, e Ciro, 1, acompanham o jogador no Brasil e estão com ele em alguns momentos, como após as partidas.
No confronto contra a Venezuela no Maracanã, os pais do atacante, Jorge e Celia, estavam no estádio.
Com o processo de renovação da equipe e sem antigos companheiros que lhe eram mais próximos, como Mascherano e Sergio Romero, Messi tem se comportado mais como líder do elenco nos bastidores. Depois da derrota na estreia contra a Colômbia, conversou com os mais jovens para motivá-los.
Há o desgaste físico para explicar os problemas em campo também. Foram 50 jogos na última temporada europeia pelo Barcelona e 51 gols marcados. Mas ele sabe, ainda mais depois da saraivada de críticas que recebeu após campanhas ruins com a camisa argentina, que a obrigação de superar isso é inevitável. O país não conquista um título de expressão há 26 anos.
“São poucos os momentos de lazer, jogamos muito em sequência. Começamos mal e isso afeta. Com algum tempo de descanso e livres de cabeça, poderemos aproveitar”, afirmou o jogador, apontando outro motivo para a delegação ter esticado por mais um dia a permanência no Rio de Janeiro antes da viagem a Belo Horizonte neste domingo (30).
Lionel Messi pode usar o Mineirão, estádio do confronto contra o Brasil, como exemplo. Na fase de grupos do Mundial de 2014, contra o Irã, ele fazia uma partida anônima, mas mudou isso num piscar de olhos, Anotou o gol da vitória nos acréscimos e protagonizou o que ele mesmo considera ser um dos seus momentos mais especiais pela seleção argentina.
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