“É bem difícil a modalidade no Brasil”, diz skatista que ganhou prata em Tóquio
Kelvin, 28, natural de Itanhaém, que cresceu no Guarujá e hoje mora na Califórnia, tem um histórico de sucesso na modalidade
História em dose dupla. A medalha que inaugurou a participação do Brasil no quadro das Olimpíadas de Tóquio foi conquistada na estreia do skate nos Jogos, com Kelvin Hoefler. Neste domingo (25), ele faturou a prata na categoria street, com 36.15 pontos na soma de suas quatro melhores notas na final.
Disputando em casa, o japonês Yuto Horigome, 22, foi medalhista de ouro, com 37.18. O americano Jagger Eaton, 20, foi bronze com 35.35. Após duas boas voltas, que lhe colocaram na liderança da decisão, ele tinha cinco tentativas para acertar manobras, e precisava conseguir pelo menos duas. Acertou a primeira com uma boa nota (8.99), errou a segunda e a terceiras. A pressão aumentou, mas ele respondeu com uma tentativa mais segura, que lhe rendeu 7.58, e finalizou com sua melhor manobra: 9.34.
“Se não fosse o vento, a gente poderia ter levado [o ouro]. Infelizmente, eu errei duas manobras por conta do vento, tive esse empecilho”, disse. Mas a prata claramente não significou descontentamento.
“Essa medalha aqui [olhando para ela], eu acredito que é um ganho para o skate em geral do Brasil. A gente vem batalhando. É bem difícil a modalidade no Brasil, então eu cresci tendo muitas dificuldades. Isso aqui não é só meu, é de todos os skatistas do Brasil, de toda a galera que vem torcendo pela gente”, afirmou.
Kelvin, 28, natural de Itanhaém, que cresceu no Guarujá e hoje mora na Califórnia, tem um histórico de sucesso na modalidade (campeão da Street League em 2015) e conseguiu ampliá-lo no ambiente totalmente novo para o skate nas Olimpíadas.
Ela começou a andar aos 9 anos, quando o pai, Eneas de Souza, policial, e a mãe, Roberta Hoefler, dona de casa, deram um skate de presente para o garoto e montaram uma pequena rampa na garagem, já que no Guarujá não havia locais adequados para a prática.
Ele também surfava até a adolescência, mas as águas geladas o afastaram do mar e o fizeram se firmar nas pistas, ou nas ruas.
Desde cedo, Kelvin queria se estabelecer nos EUA em busca da carreira profissional. A competição que mudou tudo ocorreu em 2014, na África do Sul, quando ele faturou um na época inimaginável prêmio de US$ 100 mil. Isso lhe permitiu fincar raízes na Califórnia.
A final, com oito skatistas classificados após as eliminatórias, foi disputada sob sol forte e temperaturas acima de 30ºC no parque de esportes urbanos de Ariake, no início da tarde no Japão.
O Brasil também tinha outros dois atletas na competição, Giovanni Vianna e Felipe Gustavo, que terminaram a etapa de classificação em 12º e 14º, respectivamente.
Felipe Gustavo, 30, natural de Brasília, foi responsável pela inauguração do skate nos Jogos, como primeiro atleta a dar uma volta na primeira bateria.
Ele disse que normalmente acharia melhor ficar mais para o final, quando os critérios dos juízes estão mais claros, mas que nesse caso recebeu a notícia com muito prazer. “Eu me senti honrado de ser o primeiro skatista da história a dropar. E eu tinha na minha cabeça que precisava acertar as primeiras manobras, porque todo o mundo ia ligar a televisão, nunca viu o esporte na TV, aí vai ligar e o cara erra uma manobra?”, brincou.
“Depois que acertei a primeira linha, falei ‘nossa, que felicidade’. Foi um sentimento que nunca tive antes e só tenho a agradecer o skate por ter me proporcionado isso. Fizemos história. O skate salva.”
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