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Estudo sobre CoronaVac não prova necessidade de reforço com 3ª dose

Nesta segunda-feira (26), a secretária extraordinária de enfrentamento à covid-19 do Ministério da Saúde, Rosana Leite, descartou que seja feita a aplicação de terceira dose


Por Estadão Conteúdo Publicado 27/07/2021
Foto: Roberto Gardinalli

Um estudo publicado por pesquisadores chineses mostrou que uma terceira dose da CoronaVac, vacina contra a covid-19 desenvolvida pela farmacêutica Sinovac, impulsiona o número de anticorpos produzidos pelo organismo. Os dados não significam, necessariamente, que países que aplicam esta vacina, como o Brasil, devem dar uma dose adicional agora. Mais pesquisas ainda são necessárias para determinar se isso será necessário.

Nesta segunda-feira (26), a secretária extraordinária de enfrentamento à covid-19 do Ministério da Saúde, Rosana Leite, descartou que seja feita a aplicação de terceira dose – ou dose de reforço – de qualquer que seja o imunizante no país. No lugar, Rosana afirmou que a pasta já discute o calendário vacinal do próximo ano, o que será motivo de fórum entre especialistas brasileiros e comunidade internacional.

A pesquisa foi realizada com 540 adultos saudáveis de 18 a 59 anos. Parte deles recebeu uma terceira dose do imunizante e outra parte não. Os cientistas fizeram exames laboratoriais para identificar o nível de anticorpos produzidos pelos participantes da pesquisa. Os dados, publicados no domingo, 25, são preliminares e ainda não foram revisados por outros cientistas.

De acordo com a pesquisa, o nível de anticorpos neutralizantes cai após seis meses da aplicação da segunda dose. Quando os participantes recebem uma terceira dose, cerca de seis meses após a segunda, esses anticorpos voltam a aumentar de três a cinco vezes. Isso indica, segundo os pesquisadores, que o esquema de vacinação de duas doses de Coronavac gerou “boa memória imunológica”.

“Embora o título de anticorpos neutralizantes tenha caído para níveis baixos seis meses após a segunda dose, uma terceira dose foi altamente eficaz em relembrar uma resposta imune específica para o Sars-CoV-2, levando a um salto significativo nos níveis de anticorpos”, escreveram os pesquisadores, ligados ao centro de controle de doenças da província de Jiangsu, à Sinovac e a outras instituições chinesas.

Estudos com a terceira dose já foram realizados por pesquisadores responsáveis por outros imunizantes, como o da AstraZeneca. No caso da pesquisa chinesa, o protocolo dos ensaios foi alterado em junho do ano passado para avaliar os benefícios de uma terceira dose do imunizante.

Apesar do aumento do número de anticorpos gerado pela terceira dose, os cientistas ponderam na pesquisa que a decisão de oferecer a dose adicional deve levar em conta muitos outros fatores, como a efetividade das vacinas, a situação epidemiológica e a oferta dos imunizantes.

“No curto a médio prazo, garantir que mais pessoas completem o esquema atual de duas doses de Coronavac deve ser a prioridade”, escreveram os pesquisadores. No Brasil, a secretária Rosana Leite afirmou que a cobertura de regiões de fronteira é a maior preocupação no momento, para impedir o avanço da variante delta

A queda no nível de anticorpos neutralizantes com o passar do tempo, verificada pelo estudo chinês, não significa que a população vacinada no início do ano com a Coronavac está desprotegida, explica Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações. Segundo o especialista, é natural que o nível de anticorpos diminua ao longo do tempo.

Os anticorpos são apenas um dos componentes de defesa do organismo e, no caso da covid-19, ainda não está claro o papel que eles têm na proteção da população. A memória das células e outros indicadores podem desempenhar uma função importante na proteção. Os pesquisadores ainda não são capazes de dizer quantos e quais marcadores garantem que uma pessoa está ou não protegida de se infectar com o coronavírus.

Para Kfouri, a pesquisa também não deve ser entendida como um sinal para mudar a estratégia de vacinação no Brasil e aplicar uma terceira dose da Coronavac. Estudos no mundo real, sobre infectados e hospitalizados após a vacinação, são os melhores indicativos da eficiência dos imunizantes e de uma eventual necessidade de oferecer doses de reforço para a população.

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