Bolsonaro ignora suspeitas de corrupção e diz que PF não precisa investigar seu governo
Tentativa de Bolsonaro e seus aliados de descolarem o governo federal das suspeitas de corrupção se tornou mais frequente nas últimas semanas
O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a ignorar uma série de suspeitas de corrupção, como os relatos de que pastores pediam propina para influenciar em decisões do Ministério da Educação, e disse nesta segunda-feira (11) que não há motivos para investigar ações do governo federal.
“Quantas vezes, no Pará, o governador recebeu a visita da Polícia Federal? Diferente do governo federal. Aqui não tem visita da Polícia Federal, não tem o que investigar aqui, não fazemos nada de errado”, disse o presidente em entrevista ao Grupo Liberal, do Pará.
A tentativa de Bolsonaro e seus aliados de descolarem o governo federal das suspeitas de corrupção se tornou mais frequente nas últimas semanas.
Em entrevista à Folha, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), disse que há apenas “corrupção virtual” e defendeu manter a política de privilegiar aliados na partilha do Orçamento.
O governo, porém, está sob pressão por causa da suspeita de tráfico de influência no MEC e tenta evitar a abertura de CPI no Senado. A Folha revelou áudio do então ministro Milton Ribeiro afirmando que Bolsonaro cobrava prioridade aos pedidos dos pastores.
O presidente disse na entrevista desta segunda que é acusado apenas de “suspeitas de corrupção”, mas que os casos sob investigação não chegaram a se concretizar.
Bolsonaro citou a negociação da vacina Covaxin, em que ele mesmo é investigado por suposta prevaricação, e uma licitação de ônibus escolares, travada na semana passada pelo TCU (Tribunal de Contas da União) por risco de sobrepreço.
A Folha de S.Paulo revelou nesta segunda-feira (11) que a empreiteira Engefort, que lidera contratos recentes da Codevasf para pavimentação, ganhou diferentes licitações nas quais participou sozinha ou na companhia de uma empresa de fachada registrada em nome do irmão de seus sócios.
“Se por ventura aparecer algo de errado, a gente colabora com a investigação. Até o momento não apareceu nada”, disse Bolsonaro.
O presidente ainda promoveu diversas mudanças em órgãos de investigação durante o seu mandato. A quinta troca no comando da PF foi feita em fevereiro, no momento em que o órgão lida com inquéritos sensíveis para o presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados.
Bolsonaro ainda afirmou que não há mais loteamento de cargos em Brasília.
Ele ignorou, por exemplo, que o FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), órgão que está no centro das suspeitas de corrupção do MEC, é comandado por Marcelo Lopes da Ponte, ex-chefe de gabinete de Ciro Nogueira.
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