Relógio destruído em atos golpistas será restaurado com a ajuda da Suíça
A informação foi dada pela ministra da Cultura, Margareth Menezes, durante café da manhã com jornalistas nesta quarta-feira (8), um mês após os atos em Brasília
O governo da Suíça se ofereceu para ajudar o governo Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, na restauração do relógio trazido ao Brasil por dom João 6º, em 1808, que estava exposto no Palácio do Planalto e foi danificado durante as manifestações golpistas que ocorreram em Brasília no dia 8 de janeiro.
A informação foi dada pela ministra da Cultura, Margareth Menezes, durante café da manhã com jornalistas nesta quarta-feira (8), um mês após os atos em Brasília.
Imagens das câmeras de segurança do Palácio do Planalto mostram o momento em que homem destrói o relógio que Dom João 6º trouxe para o Brasil, em 1808 Segundo Menezes, ela recebeu a ligação do embaixador da Suíça para informar que uma empresa de seu país especializada em relógios tinha oferecido para ajudar na restauração do equipamento.
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“Recebemos da Suíça o oferecimento de uma ação para recuperação daquele relógio. Eles estão oferecendo para fazer uma honraria ao Brasil. Estão oferecendo isso para haver uma troca, um workshop, como uma manifestação de fortalecimento da democracia. Uma ação para mostrar uma atenção por esse momento da democracia no Brasil”, disse Menezes.
“Eles ofereceram como uma contrapartida isso, os restauradores virem ao Brasil e criar um intercâmbio com os restauradores daqui também para fazerem juntos essa recuperação”, continuou a ministra.
Menezes afirmou, no entanto, que ainda não há um prazo definido para isso ocorrer. Ela disse ainda que na ocasião haverá um evento que contará com a presença da primeira-dama, a socióloga Rosângela da Silva, a Janja.
Até o momento, autoridades afirmavam que era incerta a possibilidade de restauração do relógio.
Relatório preliminar do Iphan, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que mapeia os danos ao patrimônio causados nos atos golpistas, divulgado em janeiro, apontava que as peças internas do relógio foram recolhidas e catalogadas “para futuro restauro” e que ele teve fragmentos separados de seu suporte.
O texto dizia ainda que o relógio estava “fragmentado em toda a sua extensão, apresentando fissuras, deformações e perdas”.
Único exemplar da peça no mundo, o objeto foi quebrado no dia em que as sedes dos três Poderes foram invadidas e vandalizadas por apoiadores do ex-presidente.
O relógio de Balthazar Martinot, do século 17, estava abrigado no terceiro andar do Palácio do Planalto, onde fica o gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando o local foi invadido por centenas de golpistas. Os ponteiros e números do relógio foram arrancados, assim como uma estátua que enfeitava o topo da peça.
O objeto foi dado de presente a dom João 6º pela corte francesa. A obra foi desenhada por André-Charles Boulle e fabricada por Balthazar Martinot, que era o relojoeiro de Luís 14.
No último dia 23, a Polícia Federal prendeu o homem suspeito de ter destruído o relógio. A prisão ocorreu em Uberlândia, em Minas Gerais. O homem foi flagrado pelas filmagens internas do palácio, no último dia 8, jogando no chão o relógio e, depois, tentando quebrar as câmeras do circuito interno com um extintor. O suspeito vestia uma camiseta com o rosto do ex-presidente Jair Bolsonaro, do PL.
Nesta quarta, Margareth Menezes também voltou a falar sobre a ideia de criar um memorial sobre a invasão e depredação do patrimônio público por golpistas e classificou os atos ocorridos há um mês em Brasília como “terroristas”.
Ela não deu detalhes, mas disse que uma das ideias é fazer alguma ação itinerante, “para percorrer o Brasil para os brasileiros terem noção do que aconteceu aqui”. “É preciso criar marcos de memória para que isso nunca mais aconteça.”
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