Grupo mais alinhado a Bolsonaro perde liderança do PSL na Assembleia de SP
Nesta terça (11), por 8 votos a 7, incluindo o voto de Janaina Paschoal, Rodrigo Gambale foi eleito novo líder
Por um voto de diferença, a ala dos deputados estaduais do PSL considerada mais ligada ao presidente Jair Bolsonaro perdeu a liderança da bancada na Assembleia Legislativa de São Paulo.
Nesta terça (11), por 8 votos a 7, incluindo o voto de Janaina Paschoal, Rodrigo Gambale foi eleito novo líder. Castello Branco, visto como mais bolsonarista entre os dois, até por ter carreira militar, foi o derrotado.
Gambale vai substituir Gil Diniz, que é o atual líder e é ligado à família Bolsonaro. Ele costuma defender o presidente na tribuna e fazer oposição ao governador João Doria (PSDB), postura que deve mudar com Gambale.
O novo líder diz que não fará “oposição por oposição” ao tucano. Enquanto Gil tem perfil ideológico, Gambale tem fama de ponderado.
Em menor grau, a disputa na bancada sintetizou a divisão vista hoje no PSL, com parte dos parlamentares prontos para migrar para a Aliança pelo Brasil, novo partido de Bolsonaro.
A diferença entre o racha visto em nível federal e a bancada da Assembleia paulista é que não há brigas e inimizades escancaradas. Pelo contrário, os deputados consultados pela reportagem dizem que a bancada terminou a votação unida.
Gil e a parte considerada mais ideológica e ligada ao bolsonarismo, que irá migrar para a Aliança, votou em Castello Branco. Deputados que ainda avaliam se permanecem no PSL apoiaram Gambale –mas não necessariamente são oposição a Bolsonaro.
O novo líder diz que apoia o governo federal. “Ninguém critica o Bolsonaro na nossa bancada. Eu concordo com a maneira como o Brasil está avançando. Não vejo essa divisão de alas na bancada”, disse Gambale à reportagem.
Questionado, porém, sobre preferência em relação ao PSL ou à Aliança, Gambale afirmou que “a política é dinâmica”. “Eu fui eleito pelo PSL, estou no PSL e trabalho pelo PSL”, disse.
Ao contrário de Gil, que tinha rusgas com a atual presidência do PSL em São Paulo, Gambale deve ter diálogo com o deputado federal Júnior Bozzella, aliado de Luciano Bivar. “Sou de conversa, de conciliação”, diz Gambale.
A candidata de Bozzella, no entanto, era Janaina Paschoal. Até o último momento, o deputado esperava que ela fosse aclamada pela bancada mesmo sem ter se colocado na disputa.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, embora a deputada esteja em uma fase de articulação política e de aproximação com Bozzella, ela não se dispôs a assumir essa função de liderança partidária.
Para o governo Doria, também será um ganho, uma vez que Gambale é, entre os deputados do PSL, dos que mais votam a favor do tucano, enquanto Gil é dos que mais o criticam.
“Eu quero que o estado e o Brasil deem certo. Não vou ser cego e alienado, mas também não vou fazer oposição por oposição”, afirmou o novo líder.
Gil e outros deputados, como Major Mecca e Douglas Garcia, no entanto, devem manter a postura crítica ao governador.
Douglas, que votou em Castello Branco e é dos mais alinhados a Bolsoanaro, concorda que a bancada estadual não está rachada e faz elogios a Gambale.
Segundo Douglas, quem votou em Gambale também apoia Bolsonaro. O deputado diz que, quando a Aliança sair do papel, metade da bancada deve abandonar o PSL, mas que os deputados não querem adiantar essa divisão.
“A Aliança nem está pronta então não faz sentido a gente se dividir entre Aliança e PSL. A gente é única e exclusivamente, hoje aqui, PSL”, afirma.
Douglas é militante e faz parte do grupo Movimento Conservador, que recolhe assinaturas para a criação da Aliança.
O deputado também relativiza o alinhamento de Gambale a Doria, lembrando que boa parte da bancada, mesmo os bolsonaristas, vota a favor do tucano em pautas de economia, como privatizações.
Janaina Paschoal também exaltou a união da bancada pelo Twitter e afirmou que “o resto é intriga”.
A reportagem apurou, porém, que a ala ligada a Gil esperava vencer e ficou frustrada com a derrota, embora não tenha externado o descontentamento.
Assim como Gil, Gambale deve manter a prática de liberar a bancada para cada um votar como bem entender, sem indicar voto sim ou não em cada tema. Isso faz com que a votação seja, em geral, bastante diversa entre os deputados.
O processo de escolha do novo líder do PSL começou na semana passada e quatro deputados chegaram a se apresentar para a disputa. O clima na bancada, porém, era de tentar manter a paz entre os mais adeptos do PSL e os mais adeptos da Aliança.
Os nomes que disputaram, incluindo os deputados Coronel Nishikawa e Adalberto Freitas, são considerados conciliadores, que conseguiriam transitar entre os dois grupos.
Investigado após um ex-assessor denunciar a prática de “rachadinha” em seu gabinete, Gil já deixaria a liderança em 2020, após um ano no cargo, conforme acordo da bancada.
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