Anhembi abre a folia em SP, sem 5 escolas tradicionais
Temas dos desfiles deste ano compõem um cardápio bastante variado
“Vamos ter uma mensagem de apoio ao povo chinês no fim do desfile da Unidos de Vila Maria.” Segundo o carnavalesco Cristiano Bara, essa deve ser a única referência ao coronavírus durante o desfile da escola que vai homenagear a China.
A agremiação é a penúltima a entrar na avenida – já no segundo dia dos desfiles. Embora traga o enredo com o “gancho” mais conectado com o noticiário recente, O Sonho de um Povo Embala o Samba e Faz a Vila Sonhar foi definido e criado há mais de um ano. “A gente vai fazer um grande agradecimento pelas coisas boas que a China fez pela humanidade. Vamos falar das invenções e dos avanços tecnológicos daquele país”, disse Bara. O diretor de Comunicação e Carnaval, Cassiano Franco Jr., ressaltou que o fato de a China ter construído um hospital em dez dias para combater a epidemia de coranavírus seria algo positivo que poderia ser mostrado. “Mas não tivemos tempo hábil. O carnaval já estava pronto.” O desfile será uma parceria da escola com a fundação chinesa Ibrachina.
Mesmo evitando falar sobre o coronavírus, a escola não vai se furtar a apresentar outro ponto polêmico, o 5G. Um dos principais eventos econômicos previstos para 2020, o leilão do 5G no Brasil, já é palco de disputa tecnológica entre Estados Unidos e China. O presidente americano Donald Trump tem feito pessoalmente lobby para que uma empresa chinesa seja excluída das principais disputas no mundo.
A Vila Maria está entre as agremiações favoritas, em um ano em que cinco das escolas mais tradicionais da cidade estão no grupo de acesso. Além da Vai-Vai, rebaixada no ano passado, brigam pelo acesso Camisa Verde e Branco, Acadêmicos do Tucuruvi, Leandro de Itaquera e Nenê da Vila Matilde.
Mas, se a Vila canta a China, a Império de Casa Verde, a penúltima a desfilar no primeiro dia, vai para outro lado do mundo e aposta na história do Líbano. O desfile deve ter uma comitiva de mais de 150 libaneses e o grupo folclórico 1001 Noites. A escola anunciou a presença do cardiologista Roberto Kalil durante o desfile. O cantor Belo é outra personalidade confirmada. “Atenção no nosso abre-alas, ele é conceitual e diferente de tudo o que já foi feito. Vamos representar o Mar Mediterrâneo, a porta de entrada dos libaneses para o mundo”, avisa o carnavalesco Flávio Campello.
CULTURA E POLÍTICA
A Mocidade Alegre, que é a quarta agremiação a entrar na avenida no último dia, vai contar a história dos orixás femininos e o poder da mulher. Já a Barroca Zona Sul, que abre o carnaval de São Paulo, homenageará a líder quilombola Tereza de Benguela.
A Tom Maior falará da participação e da importância do negro na história do Brasil. Para defender o enredo É Coisa de Preto, a bateria fará um tributo ao humorista Mussum (1941-1994). A X-9, que fecha o primeiro dia, traz um passeio sobre batucadas de todas as regiões e religiões brasileiras.
Por falar em religião, a Mancha Verde, quarta escola do primeiro dia de desfiles, põe Jesus no sambódromo. No enredo Pai! Perdoai, eles não sabem o que fazem!, a agremiação compara o calvário ao sofrimento do povo.
Outras escolas que nasceram de torcidas organizadas trazem temas mais leves. A Dragões da Real, que também desfila no primeiro dia, falará do riso e do humor. Já a Gaviões da Fiel, que está no segundo dia de desfiles, se dedicará ao amor – aliás, a Gaviões tem como novidade a estreia do carnavalesco Paulo Barros no carnaval de São Paulo. Barros já venceu quatro títulos no carnaval carioca – defendendo a Portela e a Unidos da Tijuca. E quem sai novamente à frente da Bateria da Gaviões é a apresentadora Sabrina Sato, uma das atrações do Anhembi.
A Rosas de Ouro, escola que fechará o carnaval de São Paulo, vai apostar na tecnologia para emocionar a avenida. Com Tempos Modernos, a escola promete uma série de inovações. Com o uso de um aplicativo, quem estiver acompanhando a escola na avenida terá uma experiência de realidade aumentada e, por meio de um QR Code, poderá conferir um carro projetado unicamente para o mundo virtual.
MISCELÂNEA
Os temas dos desfiles deste ano compõem um cardápio bastante variado. A Pérola Negra vai ganhar a avenida falando sobre os povos ciganos. Já a Acadêmicos do Tatuapé vai defender a história e a cultura da cidade de Atibaia, no interior de São Paulo. A Colorado do Brás vai contar a trajetória de Dom Sebastião, rei de Portugal. E a Águia de Ouro traz um enredo sobre a importância do saber na sociedade brasileira.
ORDEM DOS DESFILES
Sexta-feira, 21, Grupo Especial
23h15 – Barroca Zona Sul
00h20 – Tom Maior
01h25 – Dragões da Real
02h30 – Mancha Verde
03h35 – Acadêmicos do Tatuapé
04h40 – Império de Casa Verde
05h45 – X-9 Paulistana
Sábado, 22, Grupo Especial
22h30 – Pérola Negra
23h35 – Colorado do Brás
0h40 – Gaviões da Fiel
1h45 – Mocidade Alegre
2h50 – Águia de Ouro
3h55 – Unidos de Vila Maria
5h00 – Rosas de Ouro
Domingo, 1º, Acesso
21h – Independente Tricolor
22h – Estrela do Terceiro Milênio
23h – Nenê de Vila Matilde
0h – Leandro de Itaquera
1h – Mocidade Unida da Mooca
2h – Acadêmicos do Tucuruvi
3h – Camisa Verde e Branco
4h – Vai-Vai
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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