Ônibus contrariam determinação e viajam lotados na capital paulista
A gestão Bruno Covas (PSDB) anunciou que iria ampliar a frota de ônibus na cidade, a partir desta segunda-feira (8)
O primeiro dia útil da recomendação da Prefeitura para que os ônibus municipais da capital viajassem apenas com passageiros sentados, a fim de evitar aglomeração, foi marcado por coletivos lotados e reclamação de passageiros, que demoraram mais para embarcar.
A medida foi tomada pela prefeitura para diminuir a aglomeração no transporte público e, consequentemente, minimizar o risco de contaminação por Covid-19.
No corredor da avenida Dona Belmira Marin, no Grajaú (zona sul de SP), os veículos trafegavam cheios na manhã desta segunda-feira (8), muitos com passageiros viajando nos degraus, encostados na porta, em razão da lotação. Os coletivos da linha 5362-10 (Parque Residencial Cocaia/Praça da Sé) eram os mais abarrotados.
O zelador William Ramos Gabriel, 38 anos, desembarcou de um desses ônibus na parada do Rio Bonito, por volta das 8h30. Ele pretendia embarcar em outro coletivo, menos cheio, para seguir até a Aclimação (centro), onde trabalha.
“Concordo que precisa proibir o povo de viajar em pé, mas para isso a prefeitura precisa aumentar a frota de veículos na rua, para evitar que os ônibus fiquem cheios de gente, igual ao que eu estava”, disse.
A gestão Bruno Covas (PSDB) anunciou que iria ampliar a frota de ônibus na cidade, a partir desta segunda-feira (8). Segundo a Secretaria Municipal de Transportes, seriam adicionados 784 coletivos aos 2.000 previstos para operar em caso de necessidade.
Já no Terminal Grajaú, também na zona sul, avisos sonoros informavam sobre a determinação de que passageiros não deveriam viajar em pé. Mesmo assim, o Agora viu linhas de ônibus que já partiam do terminal cheias. O distrito da zona sul lidera o número de movimentação de pessoas fora de casa na capital paulista, segundo relatório da prefeitura do último dia 29.
Usando máscara e protetor acrílico no rosto, o balconista de lanchonete Carlos Júnior, 43 anos, aguardava na fila para embarcar na linha 5630-10 (Terminal Grajaú-Metrô Brás), às 6h desta segunda. Ele estranhou que a fila de embarque estava maior, mas não sabia da proibição do embarque em pé. “A fila está demorando mais para andar hoje. Agora faz sentido. É por isso que tem mais gente por aqui então”, disse, após ser informado pelo Agora da determinação da prefeitura.
O limite de pessoas por coletivo gerou a formação de duas filas no ponto da linha. O ônibus em que o balconista embarcou partiu do terminal após todos os assentos serem ocupados. O carro seguinte, porém, partiu com 17 pessoas em pé. Todos os passageiros usavam máscaras.
Outras linhas, como 6120-10 (Terminal Grajaú-Jardim Lucélia), intercalavam a saída de veículos vazios e com passageiros, respeitando a determinação do governo municipal.
Motoristas disseram ao Agora que não tinham como controlar a entrada de passageiros, pois não havia fiscais para isso. “Não adianta falar que não pode embarcar. O povo vai entrando e não posso fazer nada”, disse um deles, que pediu para não ser identificado.
‘Só uma pode embarcar’, diz motorista ao parar no ponto “Só tem um lugar para sentar. Só uma pode embarcar”, disse o motorista da linha 675X-10 (Terminal Grajaú-Metrô Vila Mariana) à três passagerias que tentaram entrar no ônibus, no primeiro ponto após o Terminal Grajaú, às 7h50 desta segunda. A doméstica Zélia Damasceno de Matos, 61 anos, que não conseguiu embarcar no coletivo, disse que preferiu embarcar no ponto fora do terminal, pois a parad estava muito cheia de gente, em razão da proibição de viajar em pé. “Vou me atrasar um pouco para chegar ao trabalho [em Moema, zona sul], mas prefiro garantir minha segurança [contra o coronavírus]”, disse.
A auxiliar administrativa Maria Eduarda Silva, 20 anos, que também não conseguiu emarcar na linha, disse desconhecr a nova regra. Ela ainda afirmou que chegaria atrasada ao trabalho, em Cidade Dutra (zona sul de SP), pois teria de esperar outros ônibus em que conseguisse embarcar.
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