Down Dance conquista 2º lugar no Festival de Dança do Mercosul
A competição, realizada na cidade de Puerto Iguazú, reuniu grupos de dança da Argentina, do Brasil, do Paraguai e do Uruguai.
O Down Dance, grupo formado por jovens com síndrome de Down da Associação Amigos Especiais de Limeira (AEL), voltou da Argentina nesta segunda-feira, 9 de setembro, com o troféu de segundo lugar no XXV Festival Internacional de Dança do Mercosul. A competição, realizada na cidade de Puerto Iguazú, reuniu grupos de dança da Argentina, do Brasil, do Paraguai e do Uruguai.
Os dançarinos limeirenses representaram o Brasil na categoria especial e fizeram história ao serem o primeiro grupo formado por dançarinos com síndrome de Down a se apresentar na competição que já destacou o talento de mais de 20 mil bailarinos latino-americanos em 25 anos de existência.
O Down Dance abriu o quarto dia do Festival com a apresentação ao ritmo da música Uptown Funk, coreografada pelo professor Bettho Bastelli. A plateia, surpresa com os dançarinos com síndrome de Down, acompanhou com palmas e gritos de incentivo. Ao final, os 10 jovens de Limeira foram ovacionados.
Familiares e amigos dos dançarinos brasileiros acompanharam da plateia uniformizados. “Eu chorei demais durante a apresentação. Olhei para o lado e vi muita gente chorando também. É uma conquista enorme para eles, para as famílias e para a nossa luta pela inclusão”, contou Rinalva Bertagna, mãe de uma das dançarinas.
Do palco, os integrantes do Down Dance pouco viam a plateia devido às luzes fortes dos holofotes, mas ouviram a vibração. “Tinha tanta gente gritando que fiquei até com dor no ouvido na hora da dança”, brincou Caroline Oliveira Gachet, que, de fato, levou as mãos aos ouvidos algumas vezes durante a coreografia.
Ao deixarem o palco, os bailarinos que se encontravam nos bastidores, receberam o Down Dance com euforia. Foram muitas palavras de incentivo e fotos como lembrança desse momento histórico.
A argentina Nilda Beatriz Velazquez foi ao Festival apenas para ver o Down Dance. Ela é mãe de Juan, que tem síndrome de Down e também é dançarino. “Assim que eu soube da presença do Down Dance, eu me programei para vir. Gente lindíssima, como não acompanhar? Amor mais puro por eles”, disse Nilda.
As notas dos quatro jurados ficaram entre 8,5 e 9,0, o que rendeu ao Down Dance o segundo lugar na categoria. Jovens e pais esqueceram o cansaço da viagem de 15 horas de ônibus e pularam de emoção. A saída do ginásio que sediou a apresentação foi aos gritos de “Down Dance” e “Brasil”.
Além de se apresentar para os jurados, o Down Dance também participou de atividades paralelas como um curso de hip hop e aulas de dança com poses de super-heróis.
Down Dance
O projeto foi iniciado em 2017 pela Associação Amigos Especiais de Limeira. As aulas de dança são gratuitas e oferecidas às quartas-feiras, a partir das 18h30, pelo professor Betho Bastelli, na Taba do Brasil. O grupo se apresenta em espetáculos e festivais em várias cidades e é formado por cerca de 10 componentes.
A dança faz parte do processo de desenvolvimento da pessoa com síndrome de Down. É uma arte que estimula a criatividade, a habilidade motora, a consciência corporal, o desenvolvimento cognitivo e a expressividade. “Com esse empoderamento do próprio corpo, a pessoa passa a ter maior autonomia, gerando assim uma inclusão mais verdadeira e eficiente”, diz Bastelli.
Para conseguir enviar o Down Dance para a Argentina, a AEL realizou uma série de ações para levantar recursos financeiros parar arcar com os custos da viagem e da hospedagem. Foram organizadas festas, ações junto ao comércio e uma vaquinha on line que mobilizou dezenas de doadores. Os esforços não foram suficientes para arcar com o investimento total da viagem, mas os pais assumiram a parcela final.
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