Gabriela Guimarães se consolida como pilar da seleção de vôlei com prata nas Olimpíadas
Vencedora por clubes e atualmente valorizada como uma das principais atletas do vôlei mundial, Gabriela Guimarães, 27, sempre almejou a medalha olímpica como o grande objetivo da carreira.
O ouro não veio neste domingo (8), na final dos Jogos de Tóquio contra os Estados Unidos, mas a experiência vivida no pódio a fez lembrar de seu começo no vôlei, influenciada pela campanha vitoriosa da seleção em Pequim-2008.
“O primeiro momento em que eu chorei foi ali no pódio. Era um sonho de criança que eu tinha, de fazer uma final olímpica, trazer uma medalha para o Brasil. Não só pelo vôlei, mas pelo esporte como um todo. Poder representar o Brasil em um momento tão difícil que a gente vive”, afirmou.
Essa pode não ser a meta de todos os que começam no esporte atualmente, preocupados com a segurança financeira que as grandes ligas proporcionam, mas para Gabi não tinha como ser diferente. Afinal, ela conviveu desde cedo com as maiores referências possíveis na seleção brasileira.
Revelada no Mackenzie, em Minas Gerais, a ponteira ganhou projeção ao defender o Rio de Janeiro, comandado por Bernardinho, de 2012 a 2018, antes de se transferir para o Minas e depois para o VakifBank, da Turquia. Com José Roberto Guimarães, a relação também é antiga, já que Gabi representa o Brasil desde as categorias de base.
Ela pôde absorver os conhecimentos passados pelos dois técnicos mais vencedores do mundo, cada um ao seu estilo. Na seleção principal desde 2013, também aprendeu com as atletas da geração bicampeã olímpica em 2008 e 2012.
Agora, ela foi uma das três remanescentes da campanha da Rio-2016, quando a seleção brasileira parou nas quartas de final após perder para a China. As outras são as também ponteiras Natália, 31, e Fernanda Garay, 35, que já estavam em Londres-2012.
Dessas, apenas Gabi marcou presença durante todo o ciclo para Tóquio. Ela passou a liderar um grupo atormentado por lesões, pedidos de dispensa e alguns resultados decepcionantes, como o sétimo lugar no Mundial de 2018.
No ano seguinte, em entrevista à Folha, disse que já via a seleção em um momento diferente, querendo apagar as experiências negativas e se reinventar como equipe.
Demorou um pouco para que isso fosse traduzido em resultados. Em 2020, as brasileiras não se reuniram para treinos ou competições, por causa da pandemia da Covid-19. Neste ano, na Liga das Nações, a mudança de ânimo já era visível. O Brasil terminou na segunda colocação, após perder para também para os EUA na final.
A campanha mostrou que era possível buscar a medalha olímpica. Elas novamente acreditaram e se fecharam como grupo em busca dos resultados, mesmo nos momentos mais complicados.
O corte de Sheilla, 38, na convocação para os Jogos foi um baque grande para algumas jogadoras do grupo, entre elas Gabi, muito próxima da bicampeã olímpica. A oposta já não era uma referência técnica do time, mas exercia papel de liderança.
Outro corte, esse já no meio das Olimpíadas, no mesmo dia da semifinal diante das sul-coreanas, foi o da oposta Tandara, suspensa por violação antidoping. Novamente, o grupo mostrou maturidade emocional e não deixou se afetar para a confirmar a vaga na final.
“A gente conquistou uma prata que vale como ouro. Pela união, pela entrega. Muitos não acreditavam que a gente tinha capacidade. Temos que valorizar muito essa prata por tudo que a gente fez, por não ter largado uma a mão da outra, hoje a gente mostrou isso”, disse.
Em quadra, Gabi tornou-se fundamental para o jogo do Brasil fluir a partir do seu passe. Além disso, ajudou a dar liga a uma seleção outrora desacreditada como pilar ao longo de todo o ciclo. E por fim, mesmo com a derrota para os EUA, atingiu parte do objetivo que tanto almejou na carreira num papel de protagonismo. Para 2024, deseja mais.
“Eu tenho o sonho de ser campeã olímpica e vou continuar correndo atrás disso.”
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