Governo volta a usar perfis públicos para ironizar Bolsonaro
Nas redes sociais a ironia foi tema de discussão durante todo o dia
Perfis oficiais do governo federal fizeram postagens nesta sexta-feira (30) que ironizam Jair Bolsonaro (PL), declarado inelegível por oito anos pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no mesmo dia.
O perfil do governo no Twitter publicou às 13h27 uma imagem com o título “Grande dia”, e um emoji de “joinha”. A expressão e o emoji foram constantemente usados por Bolsonaro para comemorar vitórias e fustigar desafetos.
Embora o governo trate de redução do preço de combustíveis e do botijão de gás na postagem, nas redes sociais a ironia foi tema de discussão durante todo o dia.
A primeira vez em que Bolsonaro recorreu ao termo “grande dia” foi quando o ex-deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) anunciou a saída do país após receber ameaças, em janeiro de 2019.
Em outra vez que fez uso da combinação “grande dia” e “joinha” foi na renúncia do presidente esquerdista da Bolívia Evo Morales, também em 2019.
A Folha de S.Paulo procurou a assessoria de imprensa da Presidência na noite desta sexta questionando o uso de veículos oficiais para ironizar adversários políticos, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.
Em maio, o governo do presidente Lula (PT) já havia usado um canal oficial nas redes sociais para zombar da cassação do deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR), que coordenou a força tarefa da Lava Jato no Paraná.
O perfil Governo do Brasil usou uma imagem de PowerPoint para celebrar feitos do governo, em uma clara referência à apresentação do então procurador, que acusava Lula de liderar uma quadrilha.
Em setembro de 2016, o então procurador Deltan fez uma apresentação com PowerPoint, na qual apresentou o que chamou de “14 conjuntos de evidências” que apontavam para o nome de Lula no centro.
A Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência) também já fez ironias sobre o caso das joias da Arábia Saudita.
Três dias após a primeira reportagem que tratou das joias de R$ 16,5 milhões que seriam encaminhadas para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, a Secom publicou uma série de conteúdos, cujo título inicial era “Viajou para fora e trouxe uns presentinhos? Saiba o que deve ser declarado à Receita Federal”.
Um dos slides dizia: “Entrada no país de presente destinado ao Estado Brasileiro?”. Abaixo havia a descrição que é necessária a comprovação de efetivo interesse público. “Não declarou? É possível regularização da situação mediante comprovação da propriedade pública. A não regularização pode acarretar a ‘perda’ do bem”, completou o texto.
Dias depois, em uma campanha para o início do período para declarações do Imposto de Renda, o leãozinho da Receita pergunta “E aí, tudo joia?”.
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