Grávida se recupera da covid-19, mas só conhece filha após 18 dias
"No dia do nascimento da Maria, eu apenas ouvi o choro dela. Não tive nenhum contato e nem mesmo cheguei a vê-la", diz Ana Júlia, que viu a filha pela primeira vez por videochamadas e fotos
O que deveria ter sido uma época de festa para a família da vendedora Ana Júlia da Silva Lopes, 34, e do marido, o analista de sistemas Thiago Henrique Moraes Lopes, 33, tornou-se um drama quando descobriram que ela, grávida de quase 8 meses, estava com covid-19.
A expectativa para o nascimento da filha, Maria Júlia, virou preocupação quando os médicos do Hospital de Base de São José do Rio Preto (440km de São Paulo) resolveram fazer o parto de emergência da criança, que estava com 31 semanas de gestação.
“Foram dias bem difíceis, visto que durante três dias consecutivos o quadro da minha esposa se agravou gradativamente, até ser transferida para a UTI“, lembra Thiago. “Mas no mesmo dia da transferência dela para a UTI, a equipe médica, após análise dos exames, optou por realizar a interrupção da gestação, visto ser o melhor momento tanto para minha esposa quanto para minha filha, baseados nos resultados dos exames, para evitar o possível agravamento do caso das duas.”
Após o parto, no dia 23 de julho, a recuperação da mãe foi rápida e ela teve alta dois dias depois. No entanto, Ana teve de ir para casa sem a filha, que permaneceu internada na UTI neonatal do HCM (Hospital da Criança e Maternidade), no mesmo complexo hospitalar.
“No dia do nascimento da Maria, eu apenas ouvi o choro dela. Não tive nenhum contato e nem mesmo cheguei a vê-la”, diz Ana Júlia, que viu a filha por videochamadas e fotos enviadas pelas enfermeiras nos 18 dias seguintes. Até o dia 9 de agosto, o Dia dos Pais, quando ela e Thiago, enfim, puderam pegar a filha no colo.
“Foi o melhor presente da minha vida, sem sombras de dúvidas”, disse Thiago. “Foi um sentimento único. Realmente, não consigo descrever tamanha felicidade no nosso primeiro encontro, eu diria mágico. Graças a Deus a evolução da minha filha foi além das expectativas, e ela teve alta na última sexta-feira (14)”, completa o pai, que já está com a família completa na cidade de Tanabi (a 38km de Rio Preto).
“É uma alegria imensa, impossível descrever este sentimento com palavras. Enquanto estava internada, sentia muito medo de não conseguir conhecê-la. Mas graças a Deus tudo deu certo. É o nosso bebê arco-íris, que trouxe cores ao nosso mundo após o período de tensões que enfrentamos”, completa a mãe, que sofreu com muita dor de cabeça, febre, coriza, cansaço e falta de ar durante o tratamento contra a covid-19.
Segundo Thiago, eles não fazem ideia de como ela foi contaminada. A hipótese é que o contágio tenha acontecido no mercado ou em alguma encomenda que tenha chegado em casa. “Apesar de ter apresentado alguns sintomas, eu realizei três exames e todos deram negativo, por incrível que pareça, visto que dormimos no mesmo quarto todos os dias”, conta Thiago.
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