Jacarés mortos são achados em queimadas no Pantanal
Os animais foram encontrados em extensão de 350 hectares das reservas de três fazendas e na área da Caimasul do Sul do Pantanal, empresa de criação comercial de jacarés em cativeiro, propriedades localizadas próximas da BR-262, em Corumbá
Assim como na Amazônia, as queimadas florestais no país assolam também o Pantanal, no Mato Grosso do Sul. E já atingiram também jacarés, um dos símbolos da fauna local.
Em Corumbá (MS), após incêndios ao longo de dez dias deste mês, brigadistas encontraram 35 carcaças queimadas do réptil. A situação é de alerta na região, em decorrência do prolongado período de estiagem e proximidade de focos provenientes da Bolívia e Paraguai.
Os animais foram encontrados em extensão de 350 hectares das reservas de três fazendas e na área da Caimasul do Sul do Pantanal, empresa de criação comercial de jacarés em cativeiro, propriedades localizadas próximas da BR-262, em Corumbá.
Desde o último dia 6, foram cinco focos de incêndios registrados no trecho, sendo extintos no dia 16, com ajuda de equipe de brigadistas das propriedades e do PrevFogo, centro ligado ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais e Renováveis). Os bichos mortos foram sendo achados após o dia 16.
O gerente da Caimasul, Weber Girardi, disse que as chamas chegaram à distância de 50 metros do local destinado à reprodução dos jacarés. Nenhum réptil em cativeiro foi ferido.
Girardi explica que os jacarés encontrados queimados são de vida livre e tentavam chegar até o lago dentro da propriedade para fugir do incêndio. As carcaças começaram a ser encontradas durante vistoria dos brigadistas da empresa, após extinção dos incêndios.
Pelo caminho, outros 19 jacarés vivos foram recolhidos. “Estavam debilitados, sem forças e colocamos todos no lago”. Três jabutis e duas cobras foram encontrados, recolhidos e, posteriormente, liberados em área segura.
Os animais mortos estão sendo catalogados pela empresa, que irá enviar os dados ao Imasul (Instituto de Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul) para que seja apurada responsabilidade pelo incêndio.
O longo período de estiagem é característico do inverno, assim como a baixa umidade.
Na região, são comuns as altas temperaturas, combinação que ainda tem o fator humano, grande responsável pelas queimadas. “Não existe fogo do além; 99% dos incêndios são ocasionados pelo homem”, explica o coordenador do PrevFogo (Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais) em Mato Grosso do Sul, Márcio Yule.
Em Mato Grosso do Sul, o PrevFogo está monitorando três áreas: a Serra do Amolar, na divisa com Mato Grosso, entre Cáceres (MT) e Corumbá; a Estrada Parque e a BR-262, também no município sul-mato-grossense e os 534 mil hectares da Reserva Indigena Kadwéu, localizada em Porto Murtinho (MS), com faixa territorial entre dois biomas: Pantanal e região de cerrado.
Na aldeia, segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Especiais), foram localizados 17 focos de incêndio este mês. De acordo com Yule, além dos 30 indígenas brigadistas da aldeia, outros dez foram deslocados para auxiliar no combate ao fogo, que acontece durante o dia e à noite. A estimativa é que o incêndio seja controlado até segunda-feira (26).
A situação não e considerada fora de controle, mas de alerta. Dados do Inpe colocam o Estado na quarta posição no ranking de focos de incêndio (4.142), atrás de Mato Grosso (14.640) , Pará (10.528) e Amapá (7.294). Corumbá concentra 1.731 focos, o terceiro em ocorrências no Pais.
A preocupação, hoje, fica do outro lado da fronteira, onde há a ocorrência de incêndios de proporções significativas na Bolívia e no Paraguai.
Em Corumbá, a fumaça proveniente do fogo em municípios bolivianos vem encobrindo a cidade desde o início da semana. “Está péssimo, a cidade encoberta, horrível para respirar”, descreveu a presidente da Fundação Municipal de Meio Ambiente, Ana Cláudia Boabaid.
Segundo Yule, o estado ainda não atingiu nível crítico de estiagem e ocorrência de incêndios, antes registrada somente em agosto, mas que, desde 2010, começou a se estender em setembro. “Tivemos informação que as chuvas do próximo mês ficarão abaixo da média, essa situação ainda vai perdurar um tempo”. Nesta sexta-feira (23), o governo estadual criou sala de atenção da Defesa Civil para monitoramento enquanto perdurar o período de seca e de fogo.
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