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Lula anuncia 16 ministros e primeiras mulheres do futuro governo

Anielle Franco, irmã da ex-vereadora do PSOL assassinada Marielle Franco, será ministra da Igualdade Racial


Por Folhapress Publicado 22/12/2022
Lula anuncia 16 ministros e primeiras mulheres do futuro governo
O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, anunciou Geraldo Alckmin, Camilo Santana, Nísia Trindade, Wellington Dias, e mais 12 ministros para sua equipe de governo. (Foto: Claudio Reis/Agência Enquadrar/Folhapress)

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta quinta-feira (22) 16 ministros que vão compor o seu governo a partir de janeiro de 2023 e apresentou as primeiras mulheres do mais alto escalão da próxima administração.


Ao todo, há 21 nomes oficializados das 37 pastas do futuro governo. Restariam ainda 16 ministros a serem confirmados nos cargos, que estão sendo negociados, em grande parte, com PSD, MDB, União, Rede, além do centrão. De acordo com Lula, 13 pastas seguem com seus titulares ainda indefinidos.


“É mais difícil montar um governo do que ganhar eleições. Nós estamos tentando fazer um governo que represente no máximo que a gente puder as forças políticas que participaram conosco da campanha”, afirmou o presidente eleito.


“Quero dizer para os companheiros que ainda não foram contemplados que nós vamos contemplar as pessoas que nos ajudaram, porque somos devedores”, acrescentou.


A divulgação dos nomes estratégicos do governo Lula foi feita no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), local escolhido como sede da transição, em Brasília, um dia depois da aprovação da PEC (proposta de emenda Constitucional) da Gastança.


Embora Lula tenha declarado, em novembro, que Geraldo Alckmin (PSB) não disputaria vaga de ministro por ser vice-presidente (eleito), o ex-governador de São Paulo teve o nome oficializado para o comando do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio) e acumulará as duas funções.


Como antecipado pela Folha de S.Paulo, o nome de Alckmin ganhou força diante da recusa de empresários para o posto. Josué Gomes da Silva, da Coteminas, e Pedro Wongtschowski, do grupo Ultra, declinaram do convite.


O senador eleito Wellington Dias (PT-PI) foi designado para chefiar o Ministério do Desenvolvimento Social, pasta pleiteada pela senadora Simone Tebet (MDB-MS).


O ex-governador de São Paulo, Márcio França (PSB), ficará com o Ministério dos Portos e Aeroportos -fatia do atual Ministério da Infraestrutura. A cúpula da legenda se reuniu na véspera do anúncio com Alckmin e, em seguida, com Lula.


Ainda na área econômica, entre as mulheres, Esther Dweck vai liderar uma pasta criada especificamente para gestão. Quem vai ocupar o Ministério do Planejamento continua em aberto. O economista André Lara Resende chegou a ser convidado, mas resiste à proposta.


Presidente da Fiocruz, Nísia Trindade foi a escolhida para comandar o Ministério da Saúde. A socióloga é a primeira mulher a ocupar o cargo em quase 70 anos de história da pasta.
Vice-governadora de Pernambuco e presidente do PCdoB, Luciana Santos chefiará o Ministério da Ciência e Tecnologia.


Anielle Franco, irmã da ex-vereadora do PSOL assassinada Marielle Franco, será ministra da Igualdade Racial. Especialista em violência de gênero, Cida Gonçalves ficará à frente do Ministério das Mulheres.


Já Margareth Menezes foi oficializada como a ministra da Cultura no governo Lula, que prometia desde a campanha alçar a atual secretaria ao status de ministério.


Como antecipou a Folha de S.Paulo, o ex-governador do Ceará e senador eleito, Camilo Santana (PT), foi confirmado como futuro ministro da Educação.


O escolhido por Lula para comandar o Ministério do Trabalho, por sua vez, foi o deputado federal eleito Luiz Marinho (PT-SP).


Para o Ministério dos Direitos Humanos, o indicado foi o advogado Silvio Almeida.


A Secretaria de Relações Institucionais vai para as mãos do deputado Alexandre Padilha (PT), como mostrou a coluna Mônica Bergamo. De perfil conciliador e bom trânsito no Congresso, ele já esteve à frente da pasta há 14 anos.


Já o ministro da Secretaria-Geral da Presidência será o deputado federal Márcio Macedo (PT-SE), tesoureiro da campanha petista.


A CGU (Controladoria-Geral da União) ficará com Vinicius Carvalho, advogado e ex-presidente do Cade. A AGU (Advocacia-Geral da União), com Jorge Messias, que foi SAJ (Subchefia para Assuntos Jurídicos) de Dilma Rousseff.


O presidente eleito deu largada na definição de nomes de seus futuros ministros no dia 9 de dezembro, quando anunciou que Flávio Dino (PSB) iria para o Ministério de Justiça e Segurança Pública e Rui Costa (PT) para a Casa Civil.


Lula também confirmou na ocasião a indicação de José Múcio Monteiro para a Defesa; Fernando Haddad (PT) para a Fazenda e Mauro Vieira para o Itamaraty.


Após indicar os novos nomes do primeiro escalão do seu governo, o presidente eleito afirmou não ter “vergonha de dizer” que a cúpula quer também “ministros políticos” e, sem seu discurso, fez um aceno a outras siglas.


“Queria que os ministros e as ministras ao montarem seu governo levassem em conta a pluralidade das pessoas que participaram da campanha, que cada pessoa tente montar governo colocando gente diversa, gente de outras força políticas que nos ajudaram porque somente assim a gente vai contemplar o espectro de gente que participou dessa comissão de transição”, afirmou.


O bloco político do centrão e outros partidos, como PSD, MDB e União Brasil acabaram não sendo contemplados no anúncio desta terça.


O centrão é comandado pelo PP de Arthur Lira (AL), presidente da Câmara, PL e Republicanos, que integram a base de apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL).


Ainda restam, no entanto, uma série de pastas que devem alocar nomes dos partidos do centro ou do centrão, como Cidades, Planejamento, Turismo, Minas e Energia e Integração Nacional.


Um dos principais nós ainda a ser desatados diz respeito à senadora Simone Tebet (MDB), terceira colocada na disputa presidencial e que aderiu a Lula no segundo turno. Ela desejava ocupar Desenvolvimento Social, mas a pasta foi dada ao senador petista Wellington Dias (PI).


Tebet poderá ocupar Meio Ambiente, mas a pasta também é reivindicada pela Rede para a ex-ministra e ex-presidenciável Marina Silva.


Carlos Fávaro, que vai ocupar a Agricultura, mas ainda não foi anunciado oficialmente, é senador pelo PSD do Mato Grosso e foi um dos articuladores da campanha petista junto ao agronegócio, desde o primeiro turno. O senador Alexandre Silveira (MG), é outro dos nomes do PSD cotados para o primeiro escalão de Lula.


Apesar de apoiar o governo Bolsonaro, o centrão foi essencial para a aprovação da PEC da Gastança no Congresso e já vem pleiteando algumas pastas, tendo à frente Arthur Lira, que terá apoio do PT à sua reeleição em fevereiro.


Lira tentou emplacar uma indicação para o comando da Saúde, mas Lula anunciou Nísia Trindade, socióloga, professora e presidente da Fiocruz desde 2017.


No entanto, ao grupo não interessa apenas pastas no alto escalão do Executivo, mas também o comando de postos estratégicos como a Condevasf. Como revelou a Folha de S.Paulo, a empresa foi usada pelo centrão, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), para desviar dinheiro e direcionar verbas para aliados por meio de obras com suspeita de corrupção.

VEJA COMO FICOU O GOVERNO

Secretaria das Relações Institucionais, Alexandre Padilha
Médico, deputado federal, volta a ocupar a pasta que já chefiou; também foi ministro da Saúde

Secretaria-Geral, Márcio Macedo
Biólogo, deputado federal e vice-presidente do PT

Advocacia-Geral da União, Jorge Messias
Procurador da Fazenda Nacional

Controladoria-Geral da União, Vinicius Carvalho
Advogado e ex-presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica
Desenvolvimento

Ministério da Saúde, Nisia Trindade
Socióloga, professora, servidora da Fiocruz desde 1987 e presidente da Fiocruz desde 2017

Ministério da Educação, Camilo Santana
Senador e duas vezes governador do Ceará

Ministério da Gestão, Esther Dweck
Economista e professora da UFRJ, trabalhou no ministério do Planejamento

Ministério dos Portos e Aeroportos, Márcio França
Advogado, foi vereador, duas vezes prefeito de São Vicente, deputado federal e governador de São Paulo

Ministério da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos
Deputada Federal entre 2010 e 2018, é governadora de Pernambuco e presidente do PCdoB

Ministério da Mulher, Cida Gonçalves
Especialista em violência de gênero, foi secretária nacional de enfrentamento à
violência contra as mulheres nos governos Lula e Dilma

Ministério do Desenvolvimento Social, Wellington Dias
Foi vereador, deputado estadual, federal, duas vezes senador e quatro vezes governador do Piauí

Ministério da Cultura, Margareth Menezes
Cantora, compositora e atriz

Ministério do Trabalho, Luiz Marinho
Ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, foi prefeito de São Bernardo do Campo e ministro da Previdência e do Trabalho

Ministério da Igualdade Racial, Anielle Franco
Jornalista, professora e ativista, é diretora do Instituto Marielle Franco

Ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida
Advogado e escritor, bacharel em Direito pelo Mackenzie e Doutor pela Universidade de São Paulo

Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin
Vice-presidente eleito, foi governador de São Paulo quatro vezes, deputado federal e prefeito

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