Para 63%, data do ‘golpe de 64’ deve ser desprezada, mostra Datafolha
Aos 60 anos de sua implementação num golpe promovido pelo Exército, a ditadura segue gerando polêmicas
A maioria dos brasileiros quer que a data que marcou o início de 21 anos de ditadura militar no país, o 31 de março de 1964, conhecida como ‘golpe de 64’, seja desprezado. Pensam assim, segundo o Datafolha, 63% dos ouvidos em 19 e 20 de março. Veem motivo para celebração 28%, e 9% não sabem responder.
- Pai confessa que matou filha e dormiu com o corpo em apartamento
- Pesquisa descobre substância em veneno de aranha com potencial contra células de câncer
- Aberto concurso para 2.700 PMs e salário inicial de R$ 4.852,21: veja como concorrer
Aos 60 anos de sua implementação num golpe promovido pelo Exército com apoio de setores da sociedade civil, a ditadura de 64 segue gerando polêmicas. As mais recentes devido à posição do presidente Lula (PT), ele mesmo um preso na ditadura, vista na esquerda como leniente sobre o período. O governo protela a recriação da Comissão de Mortos e Desaparecidos, num aceno aos militares. Lula disse recentemente que o regime militar “faz parte da história”, gerando protestos, e determinou que ministérios não façam alusões à data do golpe.
O Datafolha aferiu uma mudança na opinião do eleitor brasileiro nesta pesquisa. Na ocasião anterior em que propôs a questão, em abril de 2019, o instituto registrou 36% dos entrevistados afirmando que a data deveria ser celebrada, ante 57% que sugeriam o desprezo e 7% que não sabiam opinar. Àquela altura, o capitão reformado do Exército Jair Bolsonaro (hoje no PL) estava no início de seu turbulento mandato. Ele havia sido eleito sem negar sua simpatia pela ditadura, que o fizera um personagem entre o folclórico e o sinistro no baixo clero da Câmara dos Deputados por quase 30 anos, e chamando o notório torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra (1932-2015) de seu ídolo.
Durante seu governo, ficaram famosas as notas do Ministério da Defesa sobre o golpe, como no texto de 2020 em que ele era citado como um “marco para a democracia”. Os textos buscavam relativizá-lo e colocá-lo no contexto da disputa global da Guerra Fria, em que os fardados alinhavam-se aos EUA contra a esquerda de inspiração soviética. Do ponto de vista de adesão política, 58% dos bolsonaristas autodeclarados dizem que a data deve ser desprezada e 33%, que merece celebração. Os índices caem para 51% e 39%, respectivamente, quando o entrevistado diz ser eleitor do PL, partido do ex-presidente.
Já entre os petistas, 68% querem o desprezo à data do golpe e 26%, o elogio ao 31 de março. Para aqueles que se declaram neutros na polarização brasileira, 60% defendem desprezar e 26%, celebrar. Há grande homogeneidade nos demais estratos socieconômicos do levantamento, com uma notável exceção: os 2% mais ricos da amostra, que ganham 10 salários mínimos ou mais por mês, são os que mais defendem o desprezo (80%) ante a celebração (20%). O Datafolha entrevistou, em 147 cidades, 2.002 pessoas com 16 anos ou mais. A margem de erro do levantamento é de dois pontos percentuais para mais ou menos.
✅ Curtiu e quer receber mais notícias no seu celular? Clique aqui e siga o Canal eLimeira Notícias no WhatsApp.