Tarcísio é cobrado sobre novo projeto ferroviário em SP

Após o anúncio de um novo projeto ferroviário para São Paulo na última quarta-feira (29), o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) enfrenta cobranças em relação ao programa federal Pró-Trilhos, lançado por ele em setembro de 2021, quando era ministro da Infraestrutura do governo Jair Bolsonaro (PL).

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O Pró-Trilhos introduziu a figura da autorização ferroviária, permitindo que empreendedores sugerissem trechos à ANTT (Agência Nacional dos Transportes Terrestres). Inicialmente, o programa foi bem recebido pelo setor, pois oferecia à iniciativa privada a oportunidade de construir ferrovias de acordo com seus interesses.

No entanto, quase três anos depois, o Pró-Trilhos ainda não resultou em novas obras ferroviárias. Dos 108 requerimentos recebidos, apenas 45 evoluíram para contratos assinados com a ANTT, e somente dois projetos avançaram para a etapa de desapropriação, uma fase crítica segundo investidores. Até o momento, nenhuma obra foi iniciada.

José Aníbal, presidente do diretório do PSDB na cidade de São Paulo e ex-senador que acompanhou de perto o projeto entre 2021 e 2022, criticou a falta de avanços. “Nada do que foi anunciado se transformou em ‘um quilômetro de ferrovia’ até agora. Encaro com ceticismo o novo programa estadual”, afirmou. Ele acrescentou: “O Tarcísio é muita conversa e pouco resultado. Construiu uma imagem de eficiência que não corresponde à realidade. É apenas oratória, sem entregas.”

Em outubro de 2022, o governo federal previu R$ 258 bilhões em investimentos privados relacionados ao Pró-Trilhos, além da criação de 2,6 milhões de empregos diretos e indiretos e 22.442 quilômetros de novos trilhos. Aníbal questiona onde estão esses recursos e empregos. O Ministério dos Transportes, atualmente sob o comando de Renan Filho, declarou à Folha em dezembro que o Pró-Trilhos gerou “ferrovias de papel”. A pasta criticou a “desordenada corrida de pedidos de autorizações ferroviárias”, afirmando que as empresas apresentavam projetos mínimos sem condições reais de execução.

Em resposta, o governo de São Paulo destacou que o SP nos Trilhos tem objetivos distintos do programa federal. “O programa estadual busca viabilizar parcerias público-privadas, incluindo investimentos públicos para concretizar os empreendimentos”, afirmou. O SP nos Trilhos conta com mais de 40 projetos voltados para o transporte de passageiros e cargas e avalia a viabilidade de mais de 2.500 quilômetros de trilhos ociosos ou subutilizados no estado.

Aliados de Tarcísio, em caráter reservado, afirmam que comparações entre os programas são inadequadas, destacando que o SP nos Trilhos já avançou com a assinatura do contrato do Trem Intercidades Eixo Norte, com obras previstas para iniciar em 2026.

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