Dólar sobe com ruídos políticos, mas desacelera puxado por exterior
Mercado de câmbio doméstico ignora a persistente baixa do dólar no exterior e opera a moeda americana em alta em relação ao real nesta terça-feira, 9
O operador de uma corretora afirmou que o mercado ainda ecoa a percepção de que o presidente Jair Bolsonaro, ao escolher Abraham Weintraub para a Educação na vaga aberta pela demissão de Vélez Rodriguez, perdeu uma janela de oportunidade para ampliar apoios políticos no Congresso, caso tivesse aceitado negociar uma indicação política. A Coluna do Estadão informa que, ao optar pelo economista, discípulo de Olavo de Carvalho e bolsonarista, o sinal do presidente é de que continuará tendo como prioridade a “guerra cultural”, mesmo com o desgaste de sua imagem registrado pelas pesquisas.
Também o afastamento do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), da articulação política da reforma da Previdência e ainda a postura de Bolsonaro de insistir em jogar sobre o Parlamento a responsabilidade pela tramitação e aprovação do texto realimentam cautela, afirma a fonte. A desidratação da reforma é outra preocupação.
Maia reafirmou nesta segunda-feira, 8, que as mudanças no BCP e na aposentadoria rural devem sair do texto, enquanto o ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu que, se não conseguir fazer a capitalização, não será uma derrota para ele e que “não sairá na primeira derrota”, numa sinalização ao mercado.
A proposta da equipe econômica prevê uma economia de cerca de R$ 1 trilhão em dez anos. Porém, já se cogita dentro do próprio governo uma economia menor, entre R$ 700 bi e R$ 800 bilhões – ou ainda um valor abaixo disso.
Também a crise de gestão do governo não cessa e agora as atenções se voltam para Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), cujo presidente, Mário Vilalva, classifica como “golpe” a mudança no estatuto do órgão feita pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.
O jornal O Estado de S. Paulo mostrou na quarta-feira passada, dia 3, que, de um lado está o presidente da agência, que seria aliado dos militares, e do outro a diretora de Negócios, Letícia Catelani, e o diretor de Gestão, Márcio Coimbra, os dois indicados por Araújo, que por sua vez é ligado a Olavo de Carvalho.
Lá fora, o índice do dólar (SXY) segue em baixa e a moeda americana também recua frente à maior parte das divisas de países emergentes exportadores de commodities em reação a novos estímulos à economia da China e com a percepção de que os juros norte-americanos devem permanecer estáveis por período longo.
Às 10h02 desta terça-feira, o dólar à vista subia 0,04%, aos R$ 3,8506, após bater máxima em R$ 3,8581 (+0,22%). O dólar futuro para maio desacelerava e exibia leve alta, aos R$ 3,8560 (+0,01%), ante máxima em R$ 3,8640 (+0,22%).
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