Desempregado longevo vira ‘obsoleto’
O longo período fora do mercado deve afetar os trabalhadores pelos próximos anos, mesmo quando o desemprego voltar a cair.
Lucas Reis, de 25 anos, teme não ter a carteira assinada tão cedo. Repositor em um supermercado, ficou desempregado há quatro anos e, desde então, foi obrigado a se virar vendendo água mineral e refrigerante próximo a estações de Metrô e trem em São Paulo. Ultimamente, até encontrar “bicos” tem sido mais difícil, ele conta.
“Se a gente pensar nas filas das agências e nas poucas vagas de emprego, não sai mais de casa. Eu só espero que as coisas melhorem um pouco e que o governo volte a fazer concursos. Parece algo distante, mas é preciso manter a esperança.”
No primeiro trimestre, o morador da Grande São Paulo estava, em média, há 46 semanas buscando trabalho, sem nem conseguir fazer um “bico”. No mesmo período de 2014, quando o País vivia o chamado pleno emprego, esse tempo era de 21 semanas, segundo pesquisa da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Os resultados acompanham a deterioração do mercado de trabalho. Ontem, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que a taxa de desemprego no País era de 12,7%, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua.
O medo do desemprego também voltou a subir nesse mesmo período. O índice mais recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) bateu em 57 pontos, acima de média histórica de 49,9 pontos.
O economista do Insper Sergio Firpo, que estudou o impacto da perda de emprego nos chefes de domicílio, é um dos que concordam que o aumento do tempo de recolocação de um profissional no mercado é muito preocupante. “Quem fica muito tempo desempregado tem uma depreciação de capital humano. Toda experiência antes acumulada fica obsoleta e, quando ele voltar ao mercado, a tecnologia terá mudado.”
Ele lembra que os jovens hoje também estão em desvantagem, em relação às outras gerações. “Muitos pararam a formação e não vão conseguir achar bons empregos lá na frente.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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