Bolsonaro promete ‘novo Brasil’ no G20, mas estreia deve ser ofuscada por Trump e Xi
Expectativas em torno do encontro entre Donald Trump (EUA) e Xi Jinping (China) roubam os holofotes
Disposto a apresentar “um novo Brasil” aos líderes do G20, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) deve ter sua estreia ofuscada por um cenário tomado pelo debate sobre guerra comercial e as expectativas em torno de um encontro entre Donald Trump (EUA) e Xi Jinping (China) para discutir o tema.
O presidente brasileiro desembarcou nesta quinta-feira (27) em Osaka, no Japão, com a previsão de ter sete reuniões bilaterais, sendo as de maior destaque com Trump e Xi Jinping.
Emmanuel Macron, presidente da França, será o único europeu a conversar reservadamente com Bolsonaro durante a cúpula. Ele foi um dos últimos a ser incluído na agenda.
A comitiva presidencial não contará com os ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Paulo Guedes (Economia).
Araújo viajará a Bruxelas, na Bélgica, para a discussão de um acordo entre a União Europeia e o Mercosul. Já Guedes permanecerá no Brasil para acompanhar a votação da reforma da Previdência, em curso na Câmara.
No G20, o presidente adotará discurso semelhante ao que levou a Davos, na Suíça, durante o Fórum Econômico Mundial: o Brasil é um país aberto economicamente e que não leva em conta questões ideológicas para escolher seus parceiros comerciais.
Ele deu algumas pistas da mensagem que levará ao encontro em artigo que escreveu para o livro “G20 Japão: Cúpula de Osaka”, lançado na semana passada.
No texto, o presidente afirma que o país deixou para trás um tempo em que o estado era “inchado, ineficiente, corrupto e permissivo com a violência”.
As propostas de reformas da Previdência e tributária também estarão nas conversas de Bolsonaro e nos encontros bilaterais, numa tentativa de convencer investidores e líderes estrangeiros de que o Brasil vai recuperar o crescimento econômico por meio do corte de gastos e de redução da burocracia.
Como ocorreu em Buenos Aires, em 2018, a reforma da OMC (Organização Mundial do Comércio) deve seguir como um dos temas centrais da cúpula devido à dificuldade de crescimento das economias globais.
O Brasil vai endossar a necessidade de reforma do órgão, acrescentando ao debate a defesa da revisão dos subsídios agrícolas.
Bolsonaro ainda será um dos principais palestrantes no grupo que discutirá inovação digital, um dos sete temas a serem debatidos durante o G20. Também serão realizados painéis sobre economia global; comércio e investimento; meio ambiente e energia; emprego; empoderamento feminino e desenvolvimento e saúde.
Diferentemente de Michel Temer, que, a menos de um mês de deixar o cargo, em novembro de 2018, reuniu-se apenas com líderes de Austrália e Cingapura no G20 em Buenos Aires, Bolsonaro terá agenda de compromissos robusta.
O presidente se encontrará com Xi, numa tentativa de afastar as críticas que fez à China na época em que era candidato, quando costumava dizer que “chineses estavam comprando o Brasil”.
A expectativa é de que ele demonstre ao líder chinês que pretende estreitar ainda mais as relações comerciais com o principal parceiro brasileiro, somando à pauta de exportações maior participação de produtos de alto valor agregado. As vendas hoje são sobretudo de commodities.
Eles devem tratar ainda das visitas de estado dos dois parceiros. O brasileiro deve desembarcar em Pequim em agosto, e o chinês, em Brasília, em novembro, para a Cúpula dos Brics.
Na conversa com Trump, Bolsonaro pretende abordar questões comerciais e desdobramentos do apoio dos EUA à entrada do Brasil na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Além de Xi, Trump, Macron e o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, o presidente terá reuniões bilaterais com os premiês de Índia, Narendra Modi, e Singapura, Lee Hsien-Loong.
Num aceno ao mundo árabe -em contraponto à estreita relação que mantém com Israel-, o presidente também se reunirá com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, que enfrenta isolamento internacional desde que foi acusado de envolvimento no assassinato de Jamal Khashoggi, jornalista saudita que era colunista do jornal The Washington Post.
Fora das reuniões com líderes, Bolsonaro ainda terá, no primeiro dia da cúpula, uma audiência com o presidente do Banco Mundial, David Malpass.
Depois, participará de reunião paralela dos líderes do G20 sobre “empoderamento das mulheres”, de um encontro com os líderes dos Brics e, no sábado (29), de uma discussão do Grupo de Lima, bloco formado por 14 países das Américas, para debater saídas para a crise na Venezuela.
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