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China minimizou surto, diz documento obtido pela CNN em reportagem

A TV afirma que, em 10 de fevereiro, por exemplo, a China teve mais do que o dobro de casos confirmados de covid-19 do que os divulgados oficialmente na Província de Hubei


Por Estadão Conteúdo Publicado 01/12/2020
Foto: Reprodução/BBC

Em reportagem divulgada em seu site de notícias, a TV americana CNN afirmou na segunda-feira (1º) que teve acesso a documentos que mostram que autoridades chinesas forneceram ao mundo dados mais otimistas sobre o novo coronavírus do que os disponíveis internamente.

A TV afirma que, em 10 de fevereiro, por exemplo, a China teve mais do que o dobro de casos confirmados de covid-19 do que os divulgados oficialmente na Província de Hubei, onde o vírus foi inicialmente detectado. Segundo a reportagem, esse número mais elevado, de 5.918 novos casos, nunca foi revelado na época, já que o sistema de contabilização dos registros parecia “minimizar a gravidade do surto”.

A informação sobre o número mais elevado de contágios está, segundo a TV, entre uma série de revelações contidas em 117 páginas de documentos – marcados como confidenciais – vazados pelo Centro Provincial de Controle e Prevenção de Doenças de Hubei, compartilhados e verificados pela CNN. “Juntos, os documentos representam o vazamento mais significativo de dentro da China desde o início da pandemia e fornecem a primeira janela sobre o que as autoridades locais sabiam internamente e quando”, afirma a reportagem.

A TV lembra que o governo chinês rejeitou veementemente as acusações feitas pelos EUA e outros governos ocidentais de que Pequim ocultou deliberadamente informações relacionadas ao vírus, sustentando que ele tem sido transparente desde o início do surto.

Mas, embora os documentos não forneçam evidências de uma tentativa deliberada de esconder as descobertas, eles revelam várias inconsistências sobre o que as autoridades acreditam realmente estar ocorrendo e o que foi revelado ao público.

A papelada, segundo a CNN, cobre um período entre outubro de 2019 e abril deste ano, e revela o que parece ser um “sistema de saúde inflexível, limitado pela burocracia hierárquica e procedimentos rígidos que estavam mal equipados para lidar com a crise emergente” de saúde pública.

“Em vários momentos críticos, na fase inicial da pandemia, os documentos mostram evidências de erros claros e apontam para um padrão de falhas institucionais”, afirma a reportagem. A CNN diz ter entrado em contato com a chancelaria da China e com a Comissão Nacional de Saúde, assim como a Comissão de Saúde de Hubei, para comentar o caso, mas não obteve resposta.

Segundo a reportagem, um dos fatos mais impressionantes revelados pelos documentos diz respeito à lentidão com que os pacientes com covid-19 foram diagnosticados. Mesmo quando as autoridades em Hubei tentaram mostrar ao público que lidaram com eficiência e transparência no início da pandemia, os documentos revelam que os profissionais de saúde tiveram de atuar com testes e mecanismos de notificação falhos.

Um dos relatórios citados pela CNN, do começo de março, diz que o tempo médio entre o início dos sintomas e o diagnóstico confirmado foi de 23,3 dias, o que especialistas ouvidos pela TV disseram que poderia dificultar significativamente as medidas para monitorar e combater a doença. A China sempre defendeu veementemente a maneira como tem lidado com o surto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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