Fotógrafo suíço morre de frio após cair em rua de Paris e ser ignorado por 9 horas
A notícia foi dada por seu amigo e jornalista Michel Mompontet numa série de publicações em uma rede social na última quinta-feira (27)
René Robert, um fotógrafo suíço conhecido pelos retratos de algumas das estrelas de flamenco mais famosas da Espanha, morreu de hipotermia no dia 19 de janeiro depois de escorregar durante uma de suas caminhadas noturnas pelo movimentado bairro de Paris,onde morava. Ele ficou estimadas nove horas estatelado no chão a espera de ajuda, mas ninguém parou para socorrê-lo.
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A notícia foi dada por seu amigo e jornalista Michel Mompontet numa série de publicações em uma rede social na última quinta-feira (27). Segundo ele, Robert sofreu a queda por volta das 21h, na rue de Turbigo, entre a praça da República e Les Halles. “Ele sofreu uma tontura e caiu”, escreveu Mompontet no Twitter.
“Incapaz de se levantar, ficou enraizado no local, no frio, por nove horas, até que um sem-teto chamou os serviços de emergência. Muito tarde. Ele tinha hipotermia e não conseguia se agarrar à vida. Ao longo dessas nove horas, nenhum transeunte parou para verificar por que esse homem estava deitado na calçada. Nenhum”, lamentou o amigo do fotógrafo. Robert fotografou lendas do flamenco em preto e branco, incluindo Camarón de la Isla e Paco de Lucía. O bairro onde ele morreu -próximo ao Marais, entre o 2º e o 3º “arrondissements”- é agitado, com restaurantes, cafés e muitos turistas. Andarilho, era acostumado a fazer passeios noturnos e caiu entre uma loja de vinhos e uma ótica. Ainda segundo Mompontet, foi levado já sem vida para o hospital Cochin por volta das 6h do dia seguinte.
Em entrevista à TV francesa, o jornalista afirmou que o amigo foi “morto por indiferença” e que ele próprio não tem 100% de certeza de que não se afastaria de um sem-teto deitado em uma porta.
O jornalista conheceu o fotógrafo no final dos anos 1980, quando ambos iam juntos a shows de flamenco em Paris. Robert era “muito atencioso com os outros, engraçado, mas era um homem de poucas palavras”, descreveu Mompontet. “Ele falava em voz baixa. Não gostava de falar muito, como muitos fotógrafos. Sempre usava um chapéu. Durante anos ele sempre carregou o cigarro na boca, depois o largou.”
Segundo associações que prestam assistência a grupos de sem-teto, cerca de 600 pessoas nessas condições morrem nas ruas da França todos os anos. O episódio envolvendo Robert provocou um debate sobre responsabilidade cívica e decência humana no país. No sábado (29), o padre brasileiro Julio Lancellotti, conhecido por liderar projetos de amparo a pessoas em situação de rua, comentou em seu perfil no Instagram a morte do fotógrafo e destacou que a chamada “aporofobia”, palavra que remete à rejeição aos pobres, “acaba atingindo até quem não está em situação de rua”. “Ironicamente, a única pessoa que se prestou a ajudá-lo foi justamente um morador de rua. Mas já era tarde demais”, acrescentou.
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