Processos de brasileiros para obter cidadania italiana são alvo de investigações
Segundo dados do Ministério do Interior da Itália, 85% dos pedidos de reconhecimento de cidadania por direito de sangue em 2017 são de brasileiros

Uma investigação sobre processos de reconhecimento de cidadania italiana para brasileiros levou, no último dia 18, a uma operação de busca e apreensão em um escritório da prefeitura de Lauriano, cidade próxima a Turim.
O inquérito apura se houve falsificação de documento público e corrupção. De acordo com a agência de notícias ANSA, as irregularidades estão ligadas a 30 processos de certificação de residência de candidatos brasileiros.
Há três caminhos possíveis para o reconhecimento da cidadania: via consulado local, por processo judicial ou através de registro de residência, que exige estadia fixa na Itália.
O turismólogo Felipe Malucelli, diretor da empresa brasileira Ferrara Cidadania Italiana, diz que casos como esses são frequentes desde que o Brasil assinou a Convenção de Haia, em 2016. Antes, quem pedia cidadania por registro de residência precisava apresentar documentos carimbados pelo consulado. Hoje não há mais a obrigatoriedade.
A lei também não informa qual o tempo necessário de estadia na Itália para conseguir a cidadania, o que facilita flexibilizações no processo.
Há práticas irregulares, como o registro de mais pessoas em uma residência do que suas acomodações comportam.
O administrador Renato Lopes, que dirige empresa especializada em cidadania italiana, diz que há falsificações mais sérias de documentos, mas fraudes ligadas a residência são as mais comuns.
Segundo dados do Ministério do Interior da Itália, 85% dos pedidos de reconhecimento de cidadania por direito de sangue feitos naquele país em 2017 são de brasileiros.
Malucelli diz que o processo para dupla cidadania pode levar até 12 anos. “Um conselho que dou é que não busquem milagres. É um processo burocrático, leva tempo, é caro e só pode ser obtido sobre diretrizes legais”, conclui.
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