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Sobe número de novos casos de covid-19 em 39 estados dos EUA

Novos contágios têm aumentado com a chegada do frio


Por Estadão Conteúdo Publicado 15/10/2020
Foto: Official White House/ Tia Dufour

Trinta e nove dos 50 estados americanos (78%) já registram alta nos casos de covid-19, nos níveis mais altos desde agosto. Os novos contágios têm aumentado com a chegada do frio, principalmente, no Nordeste e Meio-Oeste. Ao mesmo tempo, para aliviar a pressão sobre Donald Trump, a Casa Branca discute a liberação das atividades para que o país consiga imunidade de rebanho, método considerado arriscado e de eficácia questionável pela comunidade científica.

De acordo com dados do Covid Tracking Project, um banco de dados colaborativo, o total de novos casos saltaram 21% em 14 dias e, na terça-feira (13), chegaram a 54.512 em 24 horas. As internações pela doença também não param de subir nos EUA. Segundo a plataforma, 36.051 pessoas deram entrada em hospitais americanos com covid-19 na noite de terça-feira, o maior número desde 29 de agosto.

Mesmo com os testes sendo insuficientes em grande parte do país, pelo menos 16 estados contabilizaram recorde de novos casos na última semana. Em Wisconsin, onde estão 10 das 20 áreas metropolitanas com as taxas mais altas de casos recentes, as equipes estão preparando um hospital de campanha em um parque de exposições nos arredores de Milwaukee.

“Embora estejamos esperançosos de poder achatar a curva o suficiente para nunca ter de usar as instalações, os moradores de Wisconsin estão com medo”, escreveu o governador democrata Tony Evers, aos líderes do Congresso estadual.

Os números em alta colocam a campanha à reeleição do presidente contra a parede. Em comícios pelo país a fora, Trump vem dizendo que os EUA estão prestes a derrotar o vírus. Por isso, o governo busca uma nova estratégia em tempo de vencer a eleição de novembro.

Na segunda-feira (12), a Casa Branca recebeu cientistas que defendem que o vírus deve se espalhar a “taxas naturais”. Os especialistas tiveram uma audiência com o secretário de Saúde, Alex Azar, e com o neurorradiologista Scott Atlas, que tem se tornado um importante conselheiro de Trump.

O presidente tem mostrado irritação com os prejuízos econômicos das paralisações e pressiona os Estados a voltar à normalidade – ele até ameaçou bloquear verbas federais para quem não reabrissem as escolas. Por isso, a imunidade de rebanho parece a estratégia mais fácil. Para assessores do presidente, a ideia apenas corrobora o que o presidente vem defendendo desde o início da pandemia.

“Não estamos endossando estratégia nenhuma. A estratégia é que está endossando a política adotada pelo presidente há meses. A ideia é proteger os vulneráveis, evitar a superlotação dos hospitais e abrir escolas e empresas. E ele (Trump) foi muito claro sobre isso”, disse um assessor da Casa Branca citado pelo Washington Post.

Ao abraçar a tese da imunidade de rebanho, Trump tem se afastado dos conselhos dos principais médicos de seu próprio governo, como a coordenadora da força-tarefa do coronavírus, Deborah Birx, e Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas.

Atlas, o médico favorito de Trump, nega que o governo americano esteja buscando a imunidade de rebanho. No entanto, na época em que era comentarista da Fox News, ele defendeu a reabertura da economia para combater os efeitos negativos da quarentena, como o aumento de casos de depressão e suicídios.

Segundo modelos estatísticos da Organização Mundial de Saúde e do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), para que os EUA atinjam a imunidade de rebanho teriam de registrar 213 milhões de infectados, o que significaria cerca de 1,3 milhão de mortos.

Além disso, segundo a médica Leana Wen, da Universidade George Washington, a estratégia de imunidade de rebanho só funcionaria se as pessoas não puderem ser infectadas de novo, o que não é certo. “Não sabemos se podemos alcançar uma imunidade duradoura. Provavelmente, não”, disse. “E mesmo que pudéssemos, seriam necessárias centenas de milhões de infecções e milhões de mortes evitáveis. Esse não pode ser o preço.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. (Com agências internacionais)

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