Influencer de Piracicaba é presa em operação contra deepfakes
Polícia aponta movimentação de R$ 15 milhões
A influenciadora digital Laís Rodrigues Moreira, de 27 anos, conhecida nas redes sociais como Japa, foi presa nesta quarta-feira (1º) em Piracicaba (SP) durante a Operação Modo Selva, que investiga o uso de deepfakes (vídeos e imagens falsos criados por inteligência artificial) em esquemas de estelionato e jogos de azar ilegais. A mãe dela também foi detida.
De acordo com a Polícia Civil, o grupo utilizava perfis de celebridades como Gisele Bündchen, Juliette, Angélica e Sabrina Sato para divulgar produtos inexistentes em vídeos manipulados digitalmente. As vítimas, atraídas por supostas promoções, realizavam pagamentos via PIX, mas nunca recebiam os itens.
Apreensões e movimentações financeiras
Na casa da suspeita, localizada em um condomínio de alto padrão no bairro Pompéia, os policiais apreenderam um carro e três motocicletas de luxo. As investigações também identificaram movimentação de aproximadamente R$ 15 milhões em contas bancárias dela e da mãe no período de seis meses a um ano.
Segundo os investigadores, o esquema envolvia empresas fantasmas, contas abertas em nome de laranjas, algumas com idade entre 80 e 84 anos, e mecanismos fraudulentos de pagamento. O prejuízo às vítimas podia parecer baixo em alguns casos, como a cobrança de R$ 44,57 em uma suposta taxa de frete, mas o impacto era ampliado pela quantidade de transações e pela sofisticação tecnológica empregada.
Como funcionava o golpe
Um dos vídeos analisados pela polícia mostrava uma falsa promoção em que a modelo Gisele Bündchen anunciava malas de viagem gratuitas, mediante pagamento apenas do frete. As páginas falsas reproduziam sites legítimos, reforçando a credibilidade do golpe e aumentando o número de vítimas.
“O que chamou a atenção não foi apenas o valor, mas a capacidade técnica usada para criar imagens e vozes realistas. É um exemplo de engenharia digital voltada para o crime”, afirmou a delegada Isadora Galian.
Relação com redes sociais
A influenciadora, que soma 123 mil seguidores no Instagram, exibia rotina de luxo em mansões, veículos e embarcações. Segundo o delegado Filipe Borges Bringhenti, essa visibilidade era aproveitada pelos criminosos para dar legitimidade aos golpes.
“Ela se vinculava a estelionatários, ou eles a ela, para explorar sua base de seguidores e alcançar um número maior de potenciais vítimas”, disse o delegado.
Defesa da investigada
Os advogados de Laís Rodrigues Moreira, nome da influenciadora, alegaram surpresa com os mandados de prisão e criticaram a medida, que classificaram como “desproporcional”. A defesa afirmou que não teve acesso à decisão judicial e destacou que a influenciadora nunca se recusou a colaborar com investigações.
“Confiamos na Justiça e acreditamos que, tão logo os fatos sejam apreciados, a revogação da prisão será inevitável”, diz a nota assinada pelos advogados Felipe Cassimiro Melo de Oliveira e Matheus Bottene Pacifico.
Operação nacional
A Operação Modo Selva cumpriu mandados no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Bahia e Pernambuco. No total, foram expedidos nove mandados de busca e apreensão, sete de prisão preventiva e o bloqueio de contas bancárias, criptoativos, veículos e aplicações financeiras que podem chegar a R$ 210 milhões.
Orientações da polícia
A Polícia Civil reforça cuidados básicos para evitar cair em golpes digitais:
- Desconfiar de promoções divulgadas por celebridades;
- Conferir a autenticidade de perfis que fazem anúncios;
- Pesquisar empresas em sites de reputação antes de comprar;
- Não compartilhar dados pessoais nem efetuar pagamentos sem checar a origem da oferta;
- Registrar boletim de ocorrência mesmo em casos de valores baixos.
Segundo os investigadores, a subnotificação é um dos maiores entraves para combater fraudes digitais.
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