Ministro de Lula apoiou impeachment de Dilma e elogiou ações de Bolsonaro
Em 2016, foi o deputado número 208 a votar a favor da abertura de impeachment contra Dilma na sessão da Câmara comandada pelo então deputado Eduardo Cunha (à época, no MDB-RJ)
Anunciado nesta quinta-feira (29) pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o Ministério das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil) votou pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016 e fazia elogios à gestão de Jair Bolsonaro (PL) no governo federal.
Deputado federal eleito para o terceiro mandato em outubro, Juscelino é filho de um ex-deputado estadual e passou a maior parte da sua vida política no PFL/DEM, de oposição histórica aos governos do PT, que se fundiu ao PSL e se tornou a União Brasil.
Em 2016, foi o deputado número 208 a votar a favor da abertura de impeachment contra Dilma na sessão da Câmara comandada pelo então deputado Eduardo Cunha (à época, no MDB-RJ).
“Pela minha família, pelos meus amigos, pelos meus colegas médicos, pelo povo do meu querido estado do Maranhão que me deu a oportunidade de representá-lo hoje nesse momento histórico”, disse ele, ao votar. “Por um futuro melhor para o nosso Brasil, meu voto é sim [pelo impeachment].”
Em seguida, nas redes sociais, ironizou Lula quando o deputado pernambucano Bruno Araújo (PSDB) deu o voto decisivo para a abertura do processo de impeachment. “O estado que viu nascer Lula foi o mesmo que o derrubou!”
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Nos últimos anos, Juscelino publicou em suas redes sociais imagens de eventos com a participação do presidente Jair Bolsonaro e elogios à gestão do mandatário, inclusive sobre medidas relacionadas à pandemia de Covid-19.
“Segundo o presidente Jair Bolsonaro, o projeto da renda emergencial será sancionado hoje. Que a burocracia para se pagar o benefício seja vencida logo. Bolsonaro também confirmou a edição de três importantes medidas provisórias. Proteger vidas e empregos, esse é o caminho”, disse, em abril de 2020.
Em outubro do mesmo ano, ele disse ter ficado feliz em contribuir para um feito reconhecido por Bolsonaro e pelo então ministro Tarcísio Freitas, atualmente governador eleito de São Paulo: a destinação de emendas para obras de infraestrutura no estado.
Na ocasião, ele participou de evento com Bolsonaro na cidade de Imperatriz (MA).
O futuro ministro foi um dos parlamentares privilegiados com emendas orçamentárias durante o governo Bolsonaro.
Em 2022, ele indicou R$ 16,4 milhões em verbas de emenda do relator, uma reserva do orçamento que foi considerada inconstitucional pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Praticamente toda a verba foi destinada a fundos de saúde de prefeituras do Maranhão.
Durante a campanha, Lula chamou esse tipo de emenda de “maior esquema de corrupção da história do país”.
O petista e seus auxiliares modularam o discurso após a vitória para evitar conflitos com o Legislativo, especialmente com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Desde então, passaram a defender um “pacto” para melhorar o uso da verba.
De 2019 a 2021 Juscelino ainda indicou ao menos R$ 76,5 milhões em emendas, principalmente do grupo “do relator”.
Caso tivesse acesso apenas às emendas individuais, o deputado poderia direcionar no máximo cerca de R$ 16 milhões por ano, sendo que metade deveria ir para a saúde.
Do valor indicado por Juscelino, cerca de R$ 13,5 milhões foi empenhado para obras em vias de Vitorino Freire (MA), cidade comandada por Luanna (União Brasil), irmã do parlamentar, que está no segundo mandato.
Agora, após a indicação ao ministério, Juscelino Filho adaptou o seu discurso em defesa de Lula. Depois do anúncio, disse nas redes sociais que recebeu “com enorme honra a missão de ser ministro das Comunicações do governo do presidente Lula”.
“Tenho consciência da importância deste desafio e, com otimismo e esperança no futuro, reitero minha disposição e meu compromisso com o Brasil”, afirmou.
Juscelino não é o único ministro anunciado de Lula que votou pelo impeachment de Dilma. André de Paula (PSD-PE), que foi anunciado como ministro da Pesca, também foi favorável sob a justificativa de que votava “pela ética na política, pela decência, por Pernambuco e pelo Brasil”.
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