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Vídeo de corpo divulgado por Flávio Bolsonaro é falso, diz governador da Bahia

O ex-capitão do Bope do Rio de Janeiro é acusado de chefiar uma milícia no Rio e foi morto no último dia 9


Por Folhapress Publicado 19/02/2020
Foto: Agência Brasil

O governador da Bahia, Rui Costa (PT), disse nesta quarta-feira (19) que o corpo que aparece em vídeo divulgado na terça-feira (18) pelo senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) nas redes sociais não é de Adriano da Nóbrega.

O ex-capitão do Bope do Rio de Janeiro é acusado de chefiar uma milícia no Rio e foi morto no último dia 9, durante operação policial na Bahia.

“São falsas. Posso garantir que aquilo não é nem do IML [Instituto Médico Legal] da Bahia nem do IML do Rio. Não são imagens dele. A imagem do corpo tem uma saída de bala nas costas e as costas dele estão lisas”, disse Costa a jornalistas em Brasília.

O ex-capitão da Polícia Militar é ligado a Flávio, de quem recebeu homenagem na Assembleia Legislativa do Rio -o filho do presidente foi deputado de fevereiro de 2003 a janeiro de 2019.

Na tarde de terça-feira, Flávio publicou um vídeo com imagens de um corpo nu sobre uma mesa de necropsia.

“Perícia da Bahia (governo PT) diz não ser possível afirmar se Adriano foi torturado. Foram 7 costelas quebradas, coronhada na cabeça, queimadura com ferro quente no peito, dois tiros à queima-roupa (um na garganta de baixo para cima e outro no tórax, que perdurou coração e pulmões) e as costas desse jeito aí que estão vendo no vídeo”, escreveu o senador.

“Desculpas aos mais sensíveis, mas a postagem do vídeo é necessária para que não haja dúvidas de que ele foi torturado e assassinado, como queima de arquivo. E parte da imprensa está querendo botar na nossa conta. Uma semana antes do assassinato, a esposa de Adriano foi à imprensa denunciar que seu marido poderia ser morto a mando do governador do Rio. O caso é muito sério e tem que ser investigado até as últimas consequências”, prosseguiu Flávio na publicação.

O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), também abordou o assunto na terça-feira. Ele defendeu uma perícia independente no corpo de Adriano e disse que uma eventual “queima de arquivo” não interessaria a ele.

Bolsonaro pregou ainda a necessidade de que telefones celulares apreendidos com o miliciano morto passem por uma apuração separada, para evitar, segundo ele, que provas sejam forjadas e incluídas no aparelho telefônico.

A Justiça baiana determinou a realização de nova necropsia, a ser feita pelo IML do Rio. A decisão também obriga a conservação do corpo de Adriano até que seja realizado novo exame necrológico.

“O Ministério Público da Bahia está apurando, o Ministério Público do Rio seguirá apurando. Todos os telefones foram, com o chip, entregues ao Ministério Público do Rio de Janeiro, na íntegra, sem serem vistos. Quem vai investigar é o Ministério Público do Rio. Vai ser feita uma nova perícia amanhã no Rio de Janeiro pelo IML do Rio. Agora está entregue às autoridades”, disse Rui Costa.
 
“A grande pergunta é por que o presidente sonha, acorda, almoça, dorme só pensando naquilo. Do que será que ele está com medo? Esta é a grande pergunta que todo mundo deveria fazer”, afirmou o governador da Bahia.

Foragido havia mais de um ano, Adriano teve a mãe e a ex-mulher nomeadas no gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia do Rio.
 
Segundo o MP-RJ, contas do ex-PM foram usadas para transferir dinheiro a Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio e suspeito de comandar o esquema de devolução de salários (conhecido como “rachadinha”).

Adriano foi expulso da PM em 2014 pela ligação com jogo de máquinas caça-niqueis, mas esteve preso três vezes como policial. A primeira prisão foi em 2004 pelo homicídio do guardador de carros Leandro dos Santos Silva, 24 –o ex-PM já respondia pelo crime quando foi homenageado por Flávio na Assembleia do Rio.
Por esse crime, Adriano chegou a ser condenado em 2005, mas recorreu e foi absolvido em 2007.

No ano seguinte, foi preso pela tentativa de assassinato do pecuarista Rogério Mesquita, mas foi solto após o fim do prazo da prisão temporária. Em 2011, voltou a ser preso por esse crime. Posteriormente, foi inocentado por falta de provas. 

Em entrevista à Folha de S.Paulo, o advogado de Flávio e de Jair Bolsonaro, Frederick Wassef disse que o ex-capitão do Bope era um cidadão inocente.

Afirmou ainda que o caso é “muitíssimo mais grave” do que o de Ágatha Félix, de 8 anos, morta por um tiro de um PM no Complexo do Alemão, no Rio, no ano passado.

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