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Calor excessivo aumenta risco de infarto e derrame, dizem especialistas

A perda de água e sais leva à queda da pressão e pode causar de desmaios a convulsões, derrames e arritmias fatais


Por Folhapress Publicado 29/09/2020
Foto: Pixabay

As altas temperaturas exigem atenção redobrada com o coração, principalmente em cidades onde o calor é forte e seco. Segundo a Climatempo, a maior parte do Brasil deve enfrentar o calor até 9 de outubro. Em várias cidades do país os termômetros oscilarão entre 37°C e 43°C. Os estados do Sul e Sudeste estão entre os que mais sentirão o clima esquentar. Em Limeira, as temperaturas nesta terça-feira (29) chegaram a 39 graus e nesta quarta (30), a previsão é de 40 graus.

O aparelho cardiovascular é vulnerável e sensível à maioria das variações de temperatura, principalmente quando as mudanças são bruscas. Ricardo Pavanello, cardiologista do HCor, aponta que o aumento da temperatura tem ação vasodilatadora, ou seja, o diâmetro das artérias e veias aumenta, fazendo com que a resistência à passagem do sangue diminua.

“De certa forma, isso facilita o trabalho do coração, mas há um limite no qual essa dilatação passa a ser muito intensa e a pressão cai. Quando isso acontece, a tendência é que aumente o número de batimentos. Então, ele tem uma taquicardia reflexa. Isso é indesejável e pode causar sintomas, tanto a taquicardia como a hipotensão”, explica.

Para os hipertensos, o calor é melhor que o frio, porque a ação vasodilatadora os protege parcialmente. Pavanello alerta, porém, que é uma situação de artificialidade: o ideal é que se faça um tratamento adequado e se tenha atenção com as alterações. “Nesta circunstância, os sintomas se confundem. Uma tontura pode se confundir com alteração de pressão–neste caso, queda. Quem usa medicação vasodilatadora deve checar com frequência a pressão arterial e as condições clínicas para evitar que, na confusão de imaginar que esteja com pressão mais alta quando na verdade é o oposto, se use medicamento adicional, o que será desastroso”, alerta Pavanello.

“Vai ter hipotensão sintomática, queda súbita da pressão arterial, síncope, desmaio. Isso pode acontecer na condução de um veículo, atravessando uma rua e com o idoso, que requer cuidado e atenção por ser muito sensível ao calor”, diz o médico.

Outro problema é o aumento da espessura do sangue. “O engrossamento pode formar coágulos e causar o fechamento das artérias; na região do coração, o fechamento das artérias coronárias ocasionaria infarto e no cérebro, derrame” diz Marcelo Sampaio, cardiologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Sampaio cita estudos que mostram que o calor pode, ainda, aumentar as taxas de colesterol e favorecer a formação de placas de gordura nas artérias. “O colesterol sofre flutuações pelo ano, porque o organismo requer energia, seja para aumentar a temperatura no frio ou esfriá-la quando está muito quente. Essa condição pode afetar o metabolismo mesmo que a pessoa não consuma com frequência alimentos ricos em gordura.”

Segundo a SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia), as doenças cardiovasculares, afecções do coração e da circulação representam a principal causa de mortes no Brasil. São mais de 1.100 mortes por dia. A atividade física é importante para a saúde do coração, mas o calor traz ressalvas. “Ainda há quem pense que transpirar emagrece e use roupas mais quentes na hora do exercício, o que só leva a perda de líquido e sais minerais”, diz Cléa Colombo, presidente do grupo de cardiologia do esporte do Departamento de Ergometria, Exercício, Cardiologia Nuclear e Reabilitação Cardiovascular da SBC.

A perda de água e sais leva à queda da pressão e pode causar de desmaios a convulsões, derrames e arritmias fatais. A perda de sais pode desencadear confusão mental e culminar em coma cerebral. A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda evitar exercícios intensos acima dos 30ºC.

“Se for se exercitar, tenha atenção à reposição de líquido e sais minerais; prefira exercícios de intensidade leve a moderada com pausa para hidratação; use roupas leves e bonés ou outras barreiras que diminuem o risco de aumentar a temperatura corporal”, orienta Colombo. “E nunca molhe o corpo, porque a pele úmida dificulta a transpiração. O correto é secá-lo para equilibrar a temperatura.”

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