Conheça os principais mitos sobre o Transtorno do Espectro Autista

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) está cada dia mais em evidência. Inclusive, recentemente, pessoas famosas compartilharam seus diagnósticos com os fãs, se tornando exemplos na luta pela representatividade do transtorno.
Entre eles estão a protagonista da série The Last of Us, Bella Ramsey, e o ator Sir Anthony Hopkins, de filmes como O Silêncio dos Inocentes e Meu Pai.
Apesar das informações compartilhadas pelas celebridades com o transtorno, o TEA é complexo, com múltiplos graus e manifestações.
Por conta deste contexto, ainda há muita desinformação sobre o transtorno e suas características, além de preconceito e estigmas.
No Brasil, o cenário não poderia ser diferente, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem dois milhões de pessoas com autismo no Brasil, o equivalente a 1% da população.
Por isso, neste Abril Azul, mês dedicado à conscientização sobre o transtorno do espectro autista, a NeuronUP, plataforma digital especializada em estimulação e neurorreabilitação cognitiva, alerta para os principais mitos que ainda cercam o TEA e traz informações fundamentais para ampliar o entendimento sobre o tema.
Segundo Andrea Rodriguez Valero, neuropsicóloga da NeuronUP, especializada em estimulação cognitiva e autismo, o conhecimento sobre as características do transtorno do espectro autista, além de escasso, simplificado e generalizado, geralmente é baseado em ideias preconcebidas, que também foram atribuídas a traços negativos e estereótipos.
“A tudo isso, portanto, devemos acrescentar o envolvimento da mídia e da ficção (séries e filmes) que muitas vezes não mostra a realidade e gera equívocos”, afirma.
Andrea reforça, em suma, que o autismo é uma condição do neurodesenvolvimento com múltiplas manifestações e que cada pessoa com o transtorno é única. “Neste sentido, é essencial desconstruir ideias equivocadas e errôneas para uma sociedade mais inclusiva e empática”, destaca.
Com objetivo de promover uma compreensão mais precisa e respeitosa sobre o TEA, a neuropsicóloga comenta os seis principais mitos. Confira:
- Pessoas com autismo são superdotadas ou gênios
“Embora alguns indivíduos tenham habilidades ou talentos específicos, o transtorno do espectro autista é amplo e diverso”, comenta a especialista. Neste contexto, há também pessoas com funcionamento mediano e outras com deficiência intelectual associada. De acordo com ela, muitos desenvolvem qualidades excepcionais em tópicos específicos graças às suas grandes habilidades de observação, atenção aos detalhes e memória. - Quem tem autismo não gosta de se relacionar
Muitas pessoas com o transtorno desejam conexão social, mas enfrentam barreiras na comunicação e na interpretação de sinais sociais. Com o apoio adequado, podem desenvolver relações significativas. - Pessoas com autismo não falam
A comunicação no autismo é variada: algumas pessoas utilizam a fala verbal, outras usam gestos, pictogramas ou dispositivos de comunicação alternativa. “Não falar não significa ausência de compreensão ou sentimentos. Algumas pessoas não usam linguagem verbal, mas se comunicam de forma eficaz por meio de outros sistemas (pictogramas, dispositivos, gestos). Outros têm linguagem fluente e podem até ser hiper verbais, articulando ideias complexas e com um extenso vocabulário”, explica. - Pessoas com TEA têm comportamentos estranhos
O que pode parecer estranho é, muitas vezes, uma forma diferente de processar as informações e o ambiente. Estímulos intensos ou mudanças inesperadas podem gerar comportamentos adaptativos, como movimentos repetitivos. “Sua maneira de agir pode quebrar as normas sociais implícitas, mas isso não significa que eles não tenham lógica ou valor de sua perspectiva”, diz Andrea. - Pessoas autistas não têm empatia
Pessoas com o transtorno do espectro autista podem ter dificuldade em interpretar as emoções dos outros, mas isso não significa que sejam indiferentes. “Muitos sentem intensamente e, quando entendem o que está acontecendo, respondem com grande sensibilidade emocional”, descreve.
Segundo a especialista, de fato, algumas pessoas autistas têm hiper empatia, então, a partir deste sentimento, elas podem ficar sobrecarregadas, sentindo-se emocionalmente exaustas e, como resultado, se retrair ou buscar refúgio em ambientes mais seguros para evitar desconforto. - Caminhos para a inclusão
Segundo a especialista da NeuronUP, desconstruir estereótipos é apenas o começo para avanços significativos no entendimento pela sociedade e na inclusão de quem possui o transtorno. “Precisamos olhar para o autismo com base no potencial de cada pessoa. Ferramentas como jogos cognitivos personalizados podem estimular habilidades essenciais como atenção, memória, planejamento e cognição social”, explica Andrea.
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