Usamos cookies e outras tecnologias para melhorar a sua experiência em nosso portal. Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Covid-19: oito em cada dez pacientes têm disfunções cognitivas pós-infecção

De acordo com a pesquisa realizada no Instituto do Coração (InCor), do Hospital das Clínicas, 80% dos participantes apresentaram perda de memória, dificuldade de concentração, problemas de compreensão ou confusão em algum nível


Por Estadão Conteúdo Publicado 17/02/2021
Foto: Pixabay

A memória era uma aliada da produtora Ivana Sarmanho, de 55 anos. Sabia datas de aniversário, o lado e a faixa exata de uma música em um disco de vinil. Mas isso mudou. Após a covid-19, vieram episódios de esquecimento e alterações no sono. Ivana, que teve um caso leve da doença, está entre as voluntárias de um estudo que apontou a relação entre infecção pelo vírus e disfunções cognitivas.

De acordo com a pesquisa realizada no Instituto do Coração (InCor), do Hospital das Clínicas, 80% dos participantes apresentaram perda de memória, dificuldade de concentração, problemas de compreensão ou confusão em algum nível. “Com a infecção, há a invasão das vias aéreas, que causa dessaturação de oxigênio”, explica a neuropsicóloga Lívia Stocco Sanches Valentin, que conduziu o trabalho. “O sangue chega rarefeito ao cérebro, que fica comprometido, causando AVC e isquemia, e atingindo as funções neuropsicológicas.”


O estudo usa uma ferramenta desenvolvida por Lívia em 2010, a MentalPlus, game que avalia as disfunções neurológicas em pacientes com sequelas de anestesia geral profunda. “Como já usava o MentalPlus, abri mais um protocolo de pesquisa para avaliar as funções cognitivas na covid e vimos o estrago”, conta a pesquisadora.

Segundo o estudo, a memória de curto prazo de 62,7% dos participantes foi afetada. Já a de longo prazo mostrou alteração em 26,8%. Na primeira fase do trabalho, foram analisados 185 pacientes. Hoje, são 430 e o InCor ainda aceita voluntários.

A meta de Lívia é apresentar os resultados finais para a OMS, para que a metodologia seja usada no diagnóstico e no tratamento de disfunções cognitivas. Ivana, que soube do estudo dois meses depois da infecção, já sente a melhora. “Mas tenho um caminho a percorrer.”

✅ Curtiu e quer receber mais notícias no seu celular? Clique aqui e siga o Canal eLimeira Notícias no WhatsApp.