Enchentes aumentam risco de doenças infecciosas, bacterianas e de pele
Além do risco de acidentes, o contato com a água ou lama de enchentes é nocivo à saúde
Na caótica segunda-feira (10), quando a cidade de São Paulo recebeu o segundo maior volume de chuvas para o mês de fevereiro em 77 anos, a mídia e as redes sociais foram bombardeadas com imagens de pessoas tentando atravessar a pé as vias importantes da cidade que ficaram debaixo d’água, como as marginais Tietê e Pinheiros.
Além do risco de acidentes, o contato com a água ou lama de enchentes é nocivo à saúde e pode acarretar doenças infecciosas, bacterianas e de pele.
Bactérias importantes, como a Escherichia coli ou a salmonella, causadoras de infecções graves e intoxicação alimentar, respectivamente, estão presentes nas águas de enchentes.
João Prats, infectologista da BP (Beneficência Portuguesa de São Paulo) orienta a manter o corpo sempre protegido.
“Se estiver em área de enchente, proteja o corpo, principalmente os pés. Fique calçado mesmo se o sapato estiver molhado. Depois, faça uma boa higiene do corpo e das mãos com água e sabão”, orienta.
Outra dica é evitar manusear objetos que estavam junto à água suja, além de usar botas, luvas de borracha ou até mesmo plásticos duplos. O ideal é jogar fora medicamentos e alimentos que ficaram expostos às enchentes.
A ingestão de água ou alimentos contaminados pode causar doenças diarreicas (causada por bactérias vírus ou parasitas), hepatite A (transmitida pela mistura da água com esgoto) e febre tifoide (transmitida por bactéria encontrada nas fezes de animais, a Salmonella typhi).
A médica Flávia Jacqueline Almeida, infectologista pediátrica do Sabará Hospital Infantil, afirma que o cuidado com as crianças deve ser redobrado.
“Os governos precisam elaborar campanhas para conscientizar as famílias sobre o perigo de deixar as crianças brincarem na enxurrada. É perigoso para acidentes e doenças. Se houve contato com a água suja da chuva, ao menor sinal de febre e diarreia procure atendimento médico”, afirma.
Ela também chamou a atenção para a importância de manter atualizada a caderneta de vacinação dos filhos, porque a hepatite A -uma das doenças que podem ser transmitidas pela água contaminada- é prevenível com vacina disponível na rede pública para crianças de 15 meses a menores de cinco anos.
Para Milton Lapchik, infectologista da Sociedade Brasileira de Infectologia, a maior preocupação gira em torno das situações de risco para leptospirose -transmitida por uma bactéria presente na urina dos ratos.
“A leptospirose pode iniciar com um simples quadro de febre, mal-estar e dor muscular. Quem apresentar esses sintomas deve buscar atendimento médico rápido”, explica.
Outro agravante são os traumas e ferimentos sofridos durante os alagamentos, elevando o risco de contrair tétano –também existe vacina gratuita.
A pele não escapa do risco de doenças, com o surgimento de piodermite e celulite infecciosa, por exemplo. A porta de entrada para este tipo de problema são os ferimentos.
“Todos devem estar atentos às boas práticas de prevenção em saúde, condições de higiene pessoal e de alimentos”, afirma.
Numa situação de enchente, é importante ter certeza de que a água está adequada para uso e consumo.
Caso contrário, coloque uma colher de hipoclorito de sódio (encontrado em farmácias) a cada litro de água e deixe ferver por 15 minutos.
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