Mecânico se cura do coronavírus após quatro dias em coma induzido
O homem de 64 anos chegou a ficar com 60% dos seus pulmões comprometidos
No fim de março, Eduardo Moreno dos Santos, 54 anos, começou a sentir um mal-estar, com dor no corpo, como se tivesse comido alguma coisa estragada. A princípio, achou que se tratava de uma virose comum. Tanto que não procurou ajuda médica. Na época, o Ministério da Saúde já pedia que as pessoas só fossem ao hospital se estivessem muito mal, com tosse, febre e falta de ar. Não era o caso de Eduardo.
“Mas no dia 4 de abril, um sábado, comecei a passar mal. No dia 5, começou a falta de ar. Aí corri para o hospital e passei do dia 5 para o dia 6 no centro médico do convênio. No dia 6, eles já me mandaram para o hospital e em poucas horas me levaram direto para a UTI”, conta o mecânico de manutenção, que ficou 14 dias internado em um hospital particular de São Bernardo do Campo, sendo 10 na UTI, dos quais 4 foram em coma induzido e intubado.
Ainda no centro médico do convênio, ele fez uma radiografia do pulmão que indicou uma pneumonia. Então, após ser transferido de ambulância para o hospital, fez uma tomografia que mostrou seus pulmões 60% comprometidos.
“Na UTI, tive uma parada respiratória no Sábado de Aleluia que me deu uma convulsão e me fez apagar. Como apaguei, os médicos foram obrigados a me sedar e intubar, e fiquei em coma induzido. Só acordei depois que fui reagindo, respirando por minha conta e eles foram tirando a medicação até que eu retornasse.”
Quando saiu do coma, ele afirma ter acordado muito melhor que antes.
“Além de estar com a parafernália toda, acordei como se tivesse dormido, sem qualquer tipo de dor, mal-estar nem nada. Só acordei meio atordoado por causa da anestesia, amarrado e com sondas em todo canto.”
O mecânico lembra que a todo momento os médicos o informavam dos procedimentos que estavam sendo tomados, como mudança de medicação e exames. Ele precisou, inclusive, assinar um termo de responsabilidade para ser medicado com hidroxicloroquina e azitromicina.
Depois que teve alta, no dia 19 de abril, já sem o vírus no organismo, ele ficou isolado até o dia 24 em casa, onde mora com a esposa Márcia, 51, e os filhos Rafael, 27, e Juliana, 25.
“Fiquei no quarto sozinho, fazendo refeições separadas. Tudo nos conformes. Tanto é que na minha casa são quatro pessoas e nenhuma apresentou sintoma”, diz Eduardo, que ainda sente um pouco de dor na garganta por ter sido intubado.
“É muito invasivo. Por isso, estou até meio rouco. Perdi muita força física e agora estou em acompanhamento, passando no pneumologista, mas é tudo prevenção. O bom é que não me deixou sequela nenhuma”, fala, aliviado.
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