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Vítima de relacionamento abusivo, Valesca Popozuda atua em série sobre feminicídio produzida por Cleo

A funkeira revela que já viveu um relacionamento abusivo por cerca de dois anos, e que se calou por muito tempo por medo e vergonha


Por Estadão Conteúdo Publicado 02/10/2019

A funkeira Valesca Popozuda, 40, encara mais uma vez o desafio de atuar. Desta vez, ela interpreta Fabíola, uma mulher que sofre violência doméstica na série “Onde Está Mariana?”, produzida por Cleo, 37. O programa estreia nesta quarta-feira (2) às 20 horas no IGTV –aplicativo de vídeo independente do Instagram para smartphones Android e iOS– da filha de Glória Pires, 56.

A série faz parte do projeto audiovisual “Cleo on Demand”, cuja ideia é produzir conteúdos de temática social, artística e cultural para a internet.

“O que me motivou [a criar o projeto] foi essa onda de censura e ignorância que estamos vivendo”, declarou Cleo nesta terça-feira (1º), durante a apresentação do novo trabalho para convidados e imprensa.
“Onde Está Mariana?” reflete sobre a cultura do feminicídio e as faces do machismo. A série conta a história da jovem Mariana (MC Rebecca), de 23 anos, que terminou recentemente um relacionamento abusivo, assumindo sua bissexualidade para a família e amigos, mas então desaparece. A trama gira em torno da busca da mãe, Virgínia (Vilma Melo), da irmã, Erika (King), da amiga, Fabíola (Valesca Popozuda) e da parceira, Paula (Tamiha), por Mariana.

Popozuda conta, visivelmente emocionada, que ela e sua mãe, dona Regina, já viveram o mesmo drama de Fabíola. “Quando era apenas uma criança, eu apaguei o fogo que tocaram no corpo da minha mãe. Ela ficou emocionada e muito feliz quando contei a ela sobre este novo trabalho. Através da Fabíola, posso falar por ela e por muitas mulheres.”

A funkeira revela que já viveu um relacionamento abusivo por cerca de dois anos, e que se calou por muito tempo por medo e vergonha. “Não era questão de bebida nem de drogas, mas a pessoa achava que eu tinha que ser submissa. A coisa foi aumentando devagar e quando eu vi que estava indo para um lado que não era legal. Eu vi que eu não precisava disso e meti meu pé.”
Mesmo após ter superado o relacionamento, ela diz que as feridas continuam: “Carrego marcas emocionais, que ficam por mais que a gente fale, conte, ajude. Fica adormecido, mas está ali.”

A cantora relata que foi durante sua passagem pelo grupo Gaiola das Popozudas, do qual foi vocalista, que começou a se libertar do machismo. “Eu tinha uma música que dizia o seguinte: ‘só levava porrada, e partia pra farra, eu ficava sozinha esperando você, eu gritava e chorava como uma maluca, valeu muito obrigada, mas agora virei puta’. Era meu grito de liberdade e a minha luta pelo empoderamento de outras mulheres também. Também falei um pouco mais sobre isso no meu livro”, diz.

BOATOS DE FALÊNCIA
Recentemente, surgiram boatos na internet de que Valesca Popozuda estaria falida, e que por isso teria deixado seu apartamento no Recreio, zona oeste do Rio, para morar com a mãe no bairro da Abolição, subúrbio carioca. A funkeira, no entanto, explica que dona Regina está com câncer e vai operar a mama, por isso precisa de companhia.
“Estou muito feliz em morar com a minha mãe. Ela queria ficar no cantinho dela e eu respeitei e fui ficar com ela. Os boatos de que eu estava falida não me feriram, mas me incomodaram porque feriram a minha mãe, então fiquei puta da vida. Queria explodir. Que Deus olhe pela pessoa que fez isso, porque ela não tem amor no coração.”

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