Geraldo Luis aposta em dinamismo e entrevistas curtas em horário nobre da Record
Apresentador estreia nesta quarta-feira (20), às 22h45, o programa "A Noite É Nossa"
Geraldo Luis, 49, abraça uma nova fase e se despede de vez do jornalismo policial, do Balanço Geral (Record), do qual estava afastado desde março de 2020. O radialista e jornalista, que também apresentou o Domingo Show entre 2014-2019, estreia A Noite É Nossa nesta quarta-feira (20), às 22h45.
A atração, ao vivo, ocupará a faixa horária que já foi de Xuxa e Gugu, com quadros de humor e reportagens dedicadas a personalidades da história da televisão brasileira. “Não tenho vergonha de ser popular”, afirma Geraldo Luis, que ainda diz pedir a bênção ao apresentador Bolinha (1936-1998) antes de entrar no estúdio.
“Em vim do rádio, da era de Gil Gomes, de Goulart de Andrade, que era o rei do plano sequência. Sempre que estou no ar, eu peço para o Chacrinha, ‘por favor, sopra alguma coisa no meu ouvido'”, diz o apresentador, que tem como ídolos Silvio Santos e Flavio Cavalcanti (1923-1986).
O primeiro programa traz uma entrevista com Renato Aragão, que encerrou seu contrato com a Globo em 2020, após 44 anos de casa. “É meu sonho ver o Renato na Record, voltando a fazer aquele humor simples.”
Nos quadros fixos, Geraldo Luis terá a companhia de Rodolfo, que formava dupla com E.T. (Cláudio Chirinian, 1963-2010) no programa Domingo Legal (SBT), de Gugu Liberato. Ele convidou, ainda, Rodrigo Vieira Emerenciano, o Mução, conhecido por pegadinhas que fazia no rádio.
Mução foi preso em 2012 sob suspeita de compartilhar material de pornografia infantil. Ele foi solto quando seu irmão assumiu a culpa. Na estreia, o alvo das pegadinhas do humorista será o casal Andréa Sorvetão e Conrado. “Mução é um gênio, e Rodolfo entende muito de televisão. O próprio Gugu me falava da inteligência dele.”
O apresentador diz que seu papel também é o de resgatar nomes esquecidos do rádio e da TV e que já está preparado para responder a quem julga que o “povo não gosta dessas coisas velhas”. “[Vou] Resgatar nomes do humor que foram esquecidos. Não é isso o que a Escolinha do Professor Raimundo faz, o que Carlos Alberto faz na Praça É Nossa?”, indaga. “Quando eu trouxe a cantora Perla para o Domingo Show, foi um sucesso. E foi maravilhoso poder contar a história dela e ajudá-la”, acrescenta.
Com a pandemia, A Noite É Nossa terá um formato que favorece as entrevistas, já que não haverá dançarinas, plateia, banda musicais ou quadros de humor. As reportagens, diz o apresentador, serão mais curtas. Comuns em programas de entretenimento de canais populares, as entrevistas se estendem por horas ao longo das atrações, prometendo revelar uma novidade, estratégia que tem por objetivo de segurar o telespectador.
“Isso acabou. Quero atrair o público jovem, e também eu nem teria tempo para isso. As reportagens serão mais curtas”, diz o apresentador. “Hoje nós brigamos com a internet e muita coisa vai acontecer ao vivo”, completa. O programa, aliás, terá canal com conteúdo exclusivo no YouTube e nas demais redes sociais.
Atrações musicais e participação de personalidades em ascensão são as apostas do programa -quem estreia o palco do A Noite É Essa é o cantor Tierry, autor do sucesso “Rita”. E se um fato relevante ocorrer no meio da transmissão, ele diz que despertará sua veia jornalística. “Tem essa questão do humor. Eu fui palhaço de circo, e, ao redor de humoristas, também preciso ser engraçado. Mas o comunicador e jornalista dará a notícia que precisará ser dada.”
Geraldo Luis afirma que estar na TV na faixa noturna permite dar oportunidade a repórteres que só aparecem durante o dia na Record, como Fabíola Gadelha e Celia Pinho. Assumir o horário nobre, para o apresentador, significa ter uma nova responsabilidade em mãos.
“Nunca pilotei o avião à noite, mas estou muito estimulado”, afirma. Ele lembra que sua trajetória profissional foi sempre marcada por mudanças revelantes -de agente funerário, ele se transformou em repórter do rádio. Foi para a TV 24 anos depois, no interior de São Paulo, até ganhar a apresentação do Balanço Geral, na Record, no início dos anos 2000.
‘VÍRUS É GRITO DO UNIVERSO’
Diabético e, portanto, integrante do grupo de risco para covid-19, Geraldo Luis afirma que tem uma dieta específica e mantém uma rotina de exercícios para controlar a doença. Ele diz, também, que está tomando todos os cuidados possíveis para manter sua rotina de trabalho.
No auditório do programa, a plateia foi reduzida e terá, no máximo, 20 pessoas. “Cada um estará protegido dentro de sua ‘colmeia’. É uma proximidade altamente respeitada. É como se fosse outro cenário, na cenografia do programa”, explica.
Sobre este tempo turbulento que vivemos, Luis diz que a chegada da vacina representa “grande esperança”, mas que ainda espera que o ser humano evolua.
“A vacina que ninguém tomou ainda é aquela que deve provocar uma grande mudança interna. Há as pessoas que sempre usaram a máscara da hipocrisia, que não entendem o pedido de Deus, o grito do universo.”
O apresentador afirma, ainda que não “é mais o mesmo Luis após presenciar tantas mortes”. “As pessoas que não mudarem agora, serão solitárias no mundo. Virão outras pandemias e outras vacinas.”
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