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Bolsonaro corrobora voto na ONU crítico à guerra na Ucrânia, mas não cita Putin

Ele também destacou os esforços do Itamaraty para coordenar a operação de retirada de brasileiros na Ucrânia


Por Folhapress Publicado 27/02/2022

Sem criticar diretamente Vladimir Putin ou responsabilizar a Rússia, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou neste sábado (26) que a posição do Brasil em defesa da soberania e integridade territorial de países sempre foi clara. Ele também destacou os esforços do Itamaraty para coordenar a operação de retirada de brasileiros na Ucrânia.

Bolsonaro falou sobre o conflito russo-ucraniano um dia após o Brasil ter votado a favor de uma resolução no Conselho de Segurança da ONU para condenar a invasão da Ucrânia pela Rússia. A medida foi barrada por Moscou, que tem o poder de veto por ser um dos cinco membros permanentes do colegiado.

“A posição do Brasil em defesa da soberania, da autodeterminação e da integridade territorial dos Estados sempre foi clara e está sendo comunicada através dos canais adequados para isso, como o Conselho de Segurança da ONU, e por meio de pronunciamentos oficiais”, escreveu Bolsonaro em uma rede social.

Expressões como soberania, autodeterminação dos povos e integridade territorial têm sido utilizadas nas organizações internacionais para criticar a invasão da Ucrânia por tropas russas.
No entanto, em sua sequência de mensagens Bolsonaro não fez referências diretas a Moscou ou a Putin, com quem se encontrou em 16 de fevereiro durante uma visita a Moscou.

Na ocasião, Bolsonaro se disse “solidário” à Rússia, numa fala interpretada no Ocidente como demonstração de simpatia à então possível mobilização militar do Kremlin nas fronteiras ucranianas, agora consolidadas.

Na sexta-feira (25), pela primeira vez a representação do Brasil na ONU usou termos duros para condenar a ação de Moscou. O embaixador brasileiro na organização, Ronaldo Costa Filho, disse que as preocupações de segurança dos russos não dão a eles o direito de ameaçar o território de outro Estado.

Em sua publicação nas redes sociais neste sábado, o presidente Bolsonaro disse que, até o momento, 50 brasileiros foram removidos para países vizinhos, entre eles jornalistas, estudantes, empresários e atletas.

“Mesmo diante de um cenário difícil, reforçamos: ninguém será deixado para trás”, disse. “Peço aos brasileiros em territórios conflagrados que mantenham-se firmes, sigam as diretrizes e nos reportem qualquer incidente. Sei das dificuldades, mas não pouparemos esforços para resolvê-las.”
Segundo Bolsonaro, o Itamaraty enviou uma missão de diplomatas para a fronteira da Romênia com a Ucrânia. A pasta também coordena a operação de remoção de brasileiros e está em contato direto com o chefe da estação central de trens de Kiev e com autoridades locais.

O presidente aproveitou a postagem para atacar a imprensa. “Infelizmente, mesmo em um momento sensível, em que estão em jogo vidas humanas, princípios inegociáveis das relações internacionais e recursos importantes para a vida dos brasileiros, parte da imprensa insiste em gerar ruído e em desinformar os brasileiros em troca de cliques”, disse.

“Nem um conflito armado, indesejado por todos nós, é capaz de despertar nessas pessoas o devido senso de responsabilidade e o compromisso com a verdade necessários para que nosso povo atravesse esse momento difícil com serenidade e consciência da situação real de nosso país.”

Bolsonaro afirmou ainda que o governo está focado em garantir a segurança do Brasil, “proteger os interesse do nosso povo, auxiliar os cidadãos brasileiros que se encontram nas regiões conflagradas e contribuir para uma resolução pacífica do conflito.”

Com o veto russo à resolução do Conselho de Segurança, o placar serviu para que os países mostrassem seu descontentamento com a ação de Putin. Também teve como objetivo destacar o isolamento diplomático do político.

A resolução vetada condenava a declaração feita pelo presidente russo de uma “operação militar especial” na Ucrânia; deplorava nos termos mais fortes a agressão contra a Ucrânia, em violação à Carta da ONU; e decidia que o Kremlin deveria interromper imediatamente o uso da força contra o território ucraniano.

Também determinava que a Rússia deveria retirar suas tropas da Ucrânia de forma imediata e incondicional e rejeitava o reconhecimento feito por Moscou das províncias rebeldes ucranianas de Donetsk e Lugansk.

A medida, proposta por EUA e Albânia, teve 11 votos a favor, 1 contra (Rússia) e 3 abstenções (China, Índia e Emirados Árabes Unidos). A reação do Conselho de Segurança ocorreu um dia após a Rússia atacar a Ucrânia e estabelecer uma presença militar no Donbass (leste do vizinho). O conflito atinge várias partes da Ucrânia e neste sábado chegou à capital, Kiev.

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