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Economia está parada à espera de reformas e só decola no 2º semestre, diz Guedes

Após as reformas passarem, estimou o ministro, o Brasil pode crescer por até 15 anos


Por Folhapress Publicado 30/05/2019
Divulgação

A estagnação do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro no primeiro trimestre do ano não foi novidade para o ministro Paulo Guedes (Economia), que condiciona a retomada do crescimento à aprovação da reforma da Previdência, o que ajudará o país a “decolar”.
Nesta quinta-feira (30), o IBGE informou que o PIB recuou 0,2% de janeiro a março, na primeira queda trimestral em dois anos.
“Isso não é novidade para nós. Nós sempre dissemos que a economia brasileira está estagnada”, afirmou o ministro ao sair de uma reunião com deputados do partido Novo no Ministério da Economia. “A economia está parada, à espera das reformas.”
Guedes disse ter confiança em que a “retomada vem aí”. “Temos que começar pelas coisas mais importantes. O voo da galinha já fizemos várias vezes. Você faz uma liberaçãozinha aqui, baixa artificialmente os juros para reativar a economia…aliás, foi assim que o último governo caiu. Não vamos fazer truques nem mágica, vamos fazer as reformas sérias, fundamentos econômicos. Aprovada a reforma da Previdência, o horizonte de investimentos clareia.”
O ministro voltou a dizer que a eleição de Jair Bolsonaro (PSL) levou às previsões otimistas de que o país já cresceria 3% no primeiro ano. “A eleição do Bolsonaro significa que o Brasil não ia virar a Venezuela, mas não garantiu que o Brasil não vire a Argentina. O governo [de Cristina] Kirchner quebrou a economia. O governo [de Mauricio] Macri entrou e não fez as reformas com a profundidade necessária”, avaliou.
Segundo Guedes, com a reforma da Previdência, o Brasil não vira mais a Argentina e volta a crescer. Ele vê ainda crescimento no segundo trimestre do ano, e ressaltou que, “de julho em diante, o Brasil começa a decolar.”
A reforma da Previdência é o primeiro passo, disse o ministro, porque permite a retomada dos investimentos. Mas ele também considerou necessária a aprovação da reforma tributária e do pacto federativo, que vai ajudar a “colocar os estados e municípios de pé de novo.”
Após as reformas passarem, estimou o ministro, o Brasil pode crescer por até 15 anos. “Nós fizemos nos últimos anos o caminho da estagnação. O investimento está caindo no Brasil nos últimos 15 anos, está descendo. Todo ano descia um pouco.”
FATORES EXTERNOS
A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia divulgou uma nota técnica nesta quinta-feira em que explica a retração do PIB de 0,2% em relação ao último trimestre de 2018 como consequência de fatores externos.
Para a secretaria, o país amargou queda no comércio exterior e no fluxo de investimentos -ingredientes importantes na composição do PIB- devido ao crescimento mais lento da economia mundial.
“Com isso, projetos foram adiados e a recuperação da economia revelou-se mais lenta do que o esperado no início do ano”, diz a nota.
A agropecuária sofreu com a “intempéries climáticas” do início do ano. Mas, ainda segundo a secretaria, as estimativas apontam para uma recuperação da safra ao longo do ano, “contribuindo para a retomada do PIB do setor agropecuário”.
Na indústria, o rompimento das barragens da Vale causando um dano ambiental drástico na região de Brumadinho (MG) teve reflexos na produção extrativa mineral. Em outra frente, a crise na Argentina prejudicou a comercialização de bens manufaturados brasileiros.
Houve desempenho positivo somente no comércio que, segundo a secretaria, deverá gerar um “efeito carregamento” sobre o PIB de serviços de 2% neste ano.
De um ponto de vista mais amplo, a SPE considera os gargalos estruturais da economia como entraves ao crescimento. Dentre eles, destacam-se a má alocação de recursos promovida por “políticas de estímulos a setores” [desoneração de folha de pagamentos e a política de campeões nacionais] e a deterioração das contas públicas provocada, principalmente, pelo aumento dos gastos.
“O quadro atual ainda é resultado desse ambiente construído por muitos anos.”
Para reverter esse quadro, a secretaria defende a aprovação da nova Previdência, para equacionar o quadro fiscal, e um “amplo conjunto de políticas pró-mercado, que está em elaboração com o objetivo de melhorar a produtividade da economia.
Dentre as medidas estão a reforma tributária, abertura comercial, aperfeiçoamento do mercado financeiro e de capitais, programas de concessão e privatização na área de infraestrutura, choque de energia barata, combate à corrupção e aos desperdícios no setor público, e eliminação de gastos tributários e subsídios financeiros e creditícios ineficientes.
Esse pacote vai tentar melhorar a competição nos diversos setores da economia. Para a SPE, a economia brasileira foi marcada por baixo crescimento nos últimos 40 anos mesmo com diversas políticas de estímulo ao consumo. Desta vez, a política de estímulo será pelo lado da oferta.

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