Carlos Bolsonaro ataca divulgação de seu depoimento à Polícia Federal
Inquérito que investiga a organização de atos antidemocráticos foi instaurado em abril por determinação do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes
O vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido), atacou nas suas redes sociais, com expressões de baixo calão, a divulgação do seu depoimento à Polícia Federal, no âmbito do inquérito que investiga os atos antidemocráticos.
A Folha de S.Paulo revelou na quinta-feira (17) o depoimento de Carlos, prestado na Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro.
Na ocasião, o chamado filho 02 de Bolsonaro disse não ser “covarde ou canalha a ponto de utilizar robôs e omitir essa informação”.
No dia seguinte, a Folha também mostrou que os assessores especiais da Presidência apontados como integrantes do “gabinete do ódio” disseram em depoimento que se reuniram com Carlos. O encontro aconteceu horas antes de serem interrogados no inquérito a respeito dos atos antidemocráticos.
Os encontros, segundo Tércio Tomaz Arnaud e José Matheus Sales Gomes, ocorreram na manhã da sexta-feira (11). À tarde, os dois foram ouvidos pelos investigadores.
“Atos antidemocráticos são meus ovos na goela de quem inventou isso! Milhares vão às ruas espontaneamente e devido à meia dúzia esculhambam toda a democracia. Tentam qualificar a vontade popular como algo temerário”, escreveu Carlos, na manhã deste domingo (20).
“DEPOIMENTOS SIGILOSOS vazados ilegalmente mais uma vez para manter uma narrativa de desgaste diário. A biografia e os bilhões de reais perdidos fazem isso com a vontade de uma nação! PQP”, completou.
O vereador pela cidade do Rio de Janeiro também afirmou que a situação configurava um “absurdo” e acusou que outros atos violentos e que resultam em depredação do patrimônio público são ignorados.
Sem citar nomes nem provas, disse que os outros atos são apoiados por congressistas.
O inquérito que investiga a organização de atos antidemocráticos foi instaurado em abril por determinação do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.
As operações realizadas pela Polícia Federal no âmbito do inquérito tiveram como alvo congressistas ligados ao presidente Bolsonaro e militantes bolsonaristas.
Em junho, entre os alvos, estava Luís Felipe Belmonte, segundo-vice-presidente da Aliança pelo Brasil e um dos principais financiadores do novo partido de Bolsonaro.
A relação de atingidos pela ação autorizada por Moraes mistura ainda investigados em outro inquérito da corte, o das fake news, como o blogueiro Allan dos Santos.
O jornal O Estado de S. Paulo divulgou neste sábado (19) que Santos disse por mensagem a um assessor do presidente que as Forças Armadas “precisam entrar urgentemente”.
A mensagem teria sido enviada em 31 de maio pelo aplicativo de mensagens WhatsApp um dia após protesto contra o governo, promovido por um grupo denominado “antifascistas”.
O conteúdo foi usado para confrontar o chefe da Ajudância de Ordem da Presidência, o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, em depoimento também no âmbito do inquérito que investiga os atos antidemocráticos.
O militar disse no depoimento, no dia 11, que não se lembrava da conversa com Santos sobre uma possível intervenção das Forças Armadas.
Em outra mensagem usada para confrontar o tenente-coronel, datada do dia 20 de abril, o blogueiro já teria sugerido a “necessidade de intervenção militar”, de acordo com a PF.
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