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Clubes divergem, batem boca, mas se aproximam da criação da liga nacional de futebol

A mandatária do Palmeiras, Leila Pereira, anunciou estar lá para assinar a criação da nova liga e não sairia do encontro sem fazê-lo


Por Folhapress Publicado 04/05/2022
Clubes divergem, batem boca, mas se aproximam da criação da liga nacional de futebol
Foto: Reprodução/Redes Sociais

Embora não exista um acordo fechado que reúna os 40 clubes brasileiros das séries A e B, há a possibilidade de a nova liga do futebol nacional ser formalmente anunciada no próximo dia 12. As equipes ainda estão divididas em grupos divergentes.

A ideia é que a formalização ocorra na sede da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), com a presença de todos os mandatários e de Ednaldo Rodrigues, presidente da confederação.

O caminho tem percalços. Reunião de cartolas realizada nesta terça-feira (3) foi marcada por discordâncias, debates de diferentes propostas, desacordos por causa de dinheiro, reclamações de egocentrismo e uma discussão acalorada entre o presidente do Athletico, Mario Celso Petraglia, e o advogado Flavio Zveiter.


Zveiter esteve no encontro como responsável pela redação do estatuto da nova liga, que será chamada de Libra. Sua presença descontentou Petraglia, que dizia ser o evento restrito a presidentes de clubes.


Três presidentes disseram à reportagem que o cartola se irritou com uma declaração do advogado e respondeu que ninguém lhe ensinaria como se faz uma liga. Zveiter ergueu o tom de voz, e os ânimos se exaltaram. Zveiter depois pediu desculpas aos demais pelo bate-boca.


Petraglia é representante de uma união de clubes que se denomina “Futebol Forte” e é composta, além do Athletico, por Fluminense, Fortaleza, Coritiba, Internacional, Atlético-GO, Atlético-MG, Avaí, Ceará, Goiás e Juventude.


Dirigentes de outras equipes se aborreceram com o posicionamento dos representantes desse grupo, especialmente Petraglia. Um dos presidentes, que não estava na reunião, mas mandou representante, definiu que eles querem colocar algum empecilho toda vez que veem um avanço.


Outros cartolas, por sua vez, ficaram contrariados com o comportamento das equipes paulistas (Corinthians, Palmeiras, Santos, São Paulo e Bragantino) e do Flamengo. Todas essas agremiações assinaram a formação da nova liga, juntamente com América-MG e Cruzeiro.


Os outros 32 enxergaram uma tentativa de forçar uma situação para que todos endossassem imediatamente o novo formato do futebol nacional.


Ao chegar à reunião, a mandatária do Palmeiras, Leila Pereira, anunciou estar lá para assinar a criação da nova liga e não sairia do encontro sem fazê-lo. Ela depois anunciou em sua conta no Instagram a assinatura.


A divisão dos grupos de clubes esbarra também em uma questão de como deve ser a liga. Os oito que assinaram o documento acreditam que o mais importante seja criar um fato, que seria o anúncio da existência formal da liga. Outro grupo, entre eles o do Futebol Forte, quer resolver todas as pendências antes de assinar qualquer documento.


A maior de todas é como será dividido o dinheiro. Uma das propostas é que a diferença de distribuição de receita seja de uma forma que o campeão receba 3,5 vezes mais que o último colocado, com os demais entre esses dois patamares.


É modelo que espelha La Liga, como é chamado o Campeonato Espanhol, e mais desigual que o da Premier League, o Campeonato Inglês, considerado o maior exemplo de ligas de clubes nacionais.

Na Inglaterra, a diferença entre o primeiro e o último na distribuição do dinheiro é na proporção de 1,5.


Há outra ideia, o “40-30-30”, similar ao que já é empregado atualmente no contrato com o Grupo Globo. Nesse caso, 40% de tudo o que fosse arrecadado seria dividido de maneira igualitária, 30% de acordo com a classificação final e 30% dentro de uma equação que considera exposição de mídia, jogos transmitidos e outras variáveis.


O Futebol Forte aceita esse princípio, mas quer que a repartição seja na proporção de 50-25-25.
Em todos esses casos, o valor a ser dividido incluiria o dinheiro do pay-per-view, o que não é contemplado no contrato atual de televisionamento, que expira em 2024.


“Não era aquilo que eu esperava, pois precisamos que o debate seja mais ampliado. Oitenta por cento dos clubes não assinaram. Precisamos de um conjunto de ideias que seja de inclusão para todos os clubes, não algo que pareça imposição. Estamos falando de 40 clubes, e apenas oito assinaram. Isso está longe de representar a vontade da maioria”, queixou-se o presidente do Fortaleza, Marcelo Paz.


Entre os 40, Vasco e Botafogo adotaram a estratégia de não ficar totalmente favoráveis a nenhum dos lados e buscar um consenso. “Não há motivos para açodamentos. O Botafogo tem ciência do seu valor, da capacidade da liga, e vai lutar pelo formato que alie os seus interesses e os dos clubes como um todo. Entendemos que o próximo passo seja reunir os 40 principais clubes do futebol brasileiro na sede da CBF, no dia 12, para uma posição em consenso. Até lá, todos terão tempo para avaliar os termos que estão na mesa”, opinou o CEO do Botafogo, Jorge Braga.


Presidentes ouvidos pela reportagem se queixaram de que a pressa para assinar vai contra o espírito da associação esportiva.


O argumento apresentado por eles é que endossar a criação da liga significa decidir o futuro e os recursos da agremiação pelos anos seguintes. Para isso, seria necessária a aprovação pelo conselho deliberativo de cada instituição. Um dos cartolas reclamou que a pressa tinha um componente de vaidade dos clubes que querem se dizer fundadores da nova liga de clubes do futebol brasileiro.

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