Coletivo de torcedoras notifica STJD e pede anulação de registro de Robinho
Torcedoras repudiam a contratação do atacante que, em 2017, foi condenado a nove anos de prisão por "violência sexual em grupo" na Itália
Treze coletivos de torcedoras enviaram ao STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) uma notícia de infração disciplinar, requerendo o oferecimento de denúncia e a consequente anulação do registro do atacante Robinho. O jogador foi anunciado pelo Santos no domingo (11) e registrado na segunda-feira (12), em um plantão extraoficial.
A inscrição do jogador deve acontece no primeiro dia útil após o anúncio da contratação. Como segunda-feira (12) foi feriado nacional, Robinho deveria ter sido registrado na terça-feira (13). Entretanto, nesta terça, começou a punição recebida pelo Santos pela dívida do clube com o Huachipato (CHI) na contratação de Soteldo.
Conforme o parágrafo 3° do art 22 do regulamento nacional de registro e transferência de atletas de futebol, “a publicação no BID dar-se-á em horário de expediente da CBF” -só em dias úteis.
O presidente Orlando Rollo esteve na CBF antes disso e pediu aos cartolas da entidade e da Federação Paulista de Futebol por um plantão para poder registrar jogadores na segunda-feira, o pedido foi aceito, e Robinho foi registrado. O Santos obteve a liberação para poder voltar a inscrever jogadores na última sexta-feira (9), após acordo com o Hamburgo (ALE) pela dívida na contratação do zagueiro Cléber Reis, em 2017.
Em entrevista ao UOL Esporte, a porta-voz do coletivo feminino da torcida organizada “Flamengo da Gente”, Caroline Rocha, explica a ação: “A indignação com o anúncio do Robinho foi geral dentro do nosso coletivo, por toda a questão da condenação que o envolve. O ‘Flamengo da Gente’ é um coletivo de ação, então procuramos um caminho para nos posicionarmos contra esse absurdo”, explica.
“Assim, as ‘Mulambas da Gente’, frente feminina da torcida, entraram em contato com outros coletivos de diferentes clubes e assinamos, juntos e coletivamente, esse documento. Foram 28 assinaturas -de 13 coletivos de torcedoras diferentes, de diversos estados”, afirma.
No domingo (11), o UOL Esporte publicou relatos de grupos de torcedoras que repudiaram a contratação do atacante. Em 2017, na Itália, Robinho foi condenado a nove anos de prisão por “violência sexual em grupo”. O jogador nega as acusações.
Além dos 13 coletivos que assinaram o documento, torcedoras, individualmente, também participaram. Caroline conta que fez os contatos na segunda-feira (12) e mobilizou os grupos para que tentassem corrigir a infração e brecar o registro do jogador.
Como base, a carta utiliza o art. 1º do regulamento. “Este Regulamento Geral das Competições (RGC) foi elaborado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) no exercício da autonomia constitucional desportiva para concretizar os princípios da integridade, ética, continuidade e estabilidade das competições, do fair play (jogo limpo) desportivo, da imparcialidade, da verdade e da segurança desportiva, buscando assegurar a imprevisibilidade dos resultados, a igualdade de oportunidades, o equilíbrio das disputas e a credibilidade de todos os atores e parceiros envolvidos”.
“O artigo foi burlado quando criou-se um plantão fora do expediente para registrar um jogador. Foi um jeitinho que deram. E é essa a nossa queixa”, explica Caroline. A notificação foi feita para a Procuradoria Geral do STJD. Uma vez recebida, a entidade pode fazer uma denúncia formal e pedir a nulidade do registro.
ENTENDA A PUNIÇÃO
Em setembro, o Santos foi novamente punido pela Fifa. A entidade ampliou a punição que já está ativa e determinou que o time não poderá contratar pelas próximas três janelas de transferências. O documento foi homologado no último dia 16 na CBF. Caso o Santos acertasse a dívida antes do prazo da punição, ela seria suspensa. Não aconteceu.
A informação, à época, foi confirmada ao UOL Esporte pelo advogado Eduardo Carlezzo, que representa o Huachipato (CHI) no caso. Os chilenos entraram com processo contra o Santos pelo não pagamento do valor combinado pela contratação de Soteldo, no início de 2019, por US$ 3,5 milhões (quase R$ 19,5 milhões na cotação atual).
“Após a confirmação da decisão do processo pela Corte Arbitral do Esporte a favor do Huachipato, solicitamos no início de agosto a aplicação da punição pela Fifa, o que ocorreu nesta quarta. Trata-se de um processo longo e trabalhoso, no qual não existe uma contestação legítima para a falta de pagamento. Trata-se apenas de empurrar o processo para frente. Felizmente, hoje a Fifa acatou nosso pedido e proibiu o Santos de contratar novos jogadores até pagar a integralidade da dívida”, afirmou Carlezzo.
O Santos teve uma derrota perto de agosto no CAS (Corte Arbitral do Esporte). A dívida é referente apenas aos 50% adquiridos em janeiro de 2019 porque o outro caso que se refere a Soteldo ainda não foi julgado pela Fifa: a cláusula que obrigaria o Peixe a adquirir o restante dos direitos do atleta por US$ 6 milhões em caso de proposta do mesmo valor rejeitada pelo clube alvinegro.
O Atlético-MG ofereceu o montante no início do ano, e o Santos rejeitou.
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