Perto de julgamento, Robinho vive de renda e não desiste de jogar no Santos
Jogador teve sentença de nove anos de prisão decretada pela Justiça italiana em segunda instância, com base em denúncia de violência sexual
À espera do julgamento por estupro coletivo na terceira e última instância da Justiça Italiana marcado para 19 de janeiro, Robinho ainda sonha com um retorno ao Santos.
- Por estupro, Robinho será julgado em 2ª instância na Itália nesta quinta-feira (10)
- Patrocinadores dizem que só ficam no Santos se clube desistir de Robinho
- Reportagem revela gravações que embasaram condenação de Robinho na Itália
JOGADOR VIVE ENTRE DUAS CASAS NA BAIXADA SANTISTA
Aos 37 anos, o atacante não admite a aposentadoria e vive uma vida tranquila entre as duas casas na Baixada Santista: uma para o dia a dia, em Santos, e outra para lazer, no Guarujá.
A reportagem ouviu de pessoas próximas a Robinho que ele espera ser inocentado para ter uma chance de vestir a camisa do Santos, seu clube do coração, nem que seja para uma despedida.
O jogador teve sentença de nove anos de prisão decretada pela Justiça italiana em segunda instância, com base em denúncia de violência sexual praticada contra uma jovem albanesa de 23 anos na madrugada de 22 a 23 de janeiro de 2013, em uma boate de Milão -na época, o brasileiro atuava pelo Milan. A defesa do atacante, então, apelou à Corte de Cassação.
A diretoria do Santos não comenta sobre o tema e evita falar sobre hipóteses. O fato é que o time alvinegro está perto de terminar de pagar uma dívida com Robinho da época de Modesto Roma (2015/17). O valor total, de R$ 2,3 milhões, foi renegociado para R$ 1,8 mi. E falta uma parcela de R$ 150 mil.
O Santos do ex-presidente Orlando Rollo contratou Robinho em outubro de 2020, mas suspendeu o acordo antes mesmo da reestreia por causa da pressão de patrocinadores. Andres Rueda assumiu em janeiro com a esperança de rescindir logo de cara, porém, os custos seriam elevados e a decisão foi de esperar o término do vínculo, em 28 de fevereiro de 2021.
Robinho havia assinado um contrato curto, com possibilidade de renovação, e salário simbólico. À época, o atacante entendeu a decisão do Santos.
“Estou aqui com tristeza no coração para falar a vocês que tomei a decisão, junto ao presidente, de suspender meu contrato diante desse momento conturbado da minha vida. Meu objetivo sempre foi ajudar o Santos. Se de alguma forma estou atrapalhando, melhor que eu saia e foque nas minhas coisas pessoais. Com certeza vou provar minha inocência”, disse à época.
Na mesma semana, ele afirmou em entrevista ao UOL Esporte que “o crime foi trair a esposa”.
Procurados na quarta-feira (5) pela reportagem, Alexander Guttieres, que defende Robinho e é especializado em direito internacional, e Giuseppe Mercurio, novo defensor público de Falco, não responderam aos e-mails e ligações. Já Jacopo Gnocchi, que defende a vítima, disse que “não se manifestaria até a promulgação da sentença na Cassação”.
Robinho não tem problemas financeiros. O jogador possui economias, principalmente após a passagem pelo futebol chinês -ele ainda jogou por Real Madrid, Manchester City e dois clubes da Turquia-, e tem dinheiro aplicado em investimentos. Um amigo do atacante disse à reportagem que, sem loucuras, “tem dinheiro para ele, os filhos e os netos”.
Robinho recebeu sondagens para jogar em clubes de menor expressão no Brasil e no exterior, mas recusou. Ele só retomaria a carreira se fosse no Santos.
Robinho chegou a ter rotina de treinamentos no clube Portuários, em Santos, mas agora recuou e treina na maior parte do tempo em casa para manter a forma física. E é normal vê-lo nas praias da região para futevôlei.
Na sua casa no Guarujá, Robinho tem uma quadra de futevôlei, onde já promoveu campeonatos. O último evento contou com Malcom, atacante ex-Corinthians e atualmente no Zenit (RUS).
Robinho não desiste de jogar pelo Santos, mas, nas redes sociais, o clube alvinegro não é assunto. O atacante costuma publicar apenas fotos da família e passagens da bíblia.
Em junho de 2021, Robinho foi ao CT Rei Pelé para ser atendido por Fabio Novi, ex-médico do Santos e doutor particular dele. O jogador posou para fotos com funcionários e atletas santistas, e o assunto rendeu polêmica. À época, o presidente Andres Rueda foi a público e minimizou o assunto.
No mês passado, Robinho voltou a jogar na Vila Belmiro. Ele participou de um evento fechado e que serviu de prévia do tradicional “Natal Sem Fome”, ação beneficente organizada por Narciso. A partida oficial foi em São Bernardo do Campo, com transmissão do SporTV, e o atacante não atuou.
O caso pelo qual Robinho é julgado aconteceu em Milão, na boate Sio Cafe, durante a madrugada de 22 de janeiro de 2013. A vítima é uma jovem albanesa que, na época, comemorava seu aniversário de 23 anos.
Além de Robinho e do também condenado Ricardo Falco, outros quatro brasileiros foram denunciados por terem participado do ato. Como já haviam deixado a Itália no decorrer das investigações, não foram avisados da conclusão das investigações e, por isso, não foram processados -o nome deles não é divulgado por causa disso.
O caso contra esses quatro brasileiros está suspenso até o momento, mas pode ser reaberto, principalmente se a Corte de Cassação confirmar a condenação de Robinho e Falco.
De acordo com a juíza italiana Francesca Vitale, que presidiu o julgamento em segunda instância, “a vítima foi humilhada e usada pelo jogador e seus amigos para satisfazer seus instintos sexuais”.
“O fato é extremamente grave pela modalidade, número de pessoas envolvidas e o particular desprezo manifestado no confronto da vítima, que foi brutalmente humilhada e usada para o próprio prazer pessoal”, escreveu a magistrada.
Robinho admitiu ter mantido relação sexual com a vítima, cujo nome não foi divulgado, mas negou as acusações de violência sexual, quando foi interrogado, em 2014. Ele não compareceu a nenhuma das audiências nos quase seis anos de julgamento.
O processo, que iniciou em 2016, teve a sentença de primeiro grau proferida em 23 de novembro de 2017. Em 20 de dezembro de 2020, a corte de Apelação de Milão, segunda instância da Justiça italiana, em uma única e breve audiência, confirmou a condenação do atacante e de Falco a nove anos de prisão.
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