Alonso diz se arrepender de mensagem que marcou passagem da Honda pela F1

A Honda anunciou que deixará a Fórmula 1 no final de 2021, quando acaba seu atual contrato de fornecimento de motores com a Red Bull e a AlphaTauri. Única montadora que conseguiu bater a Mercedes na temporada 2020, com vitórias no GP dos 70 Anos, em Silverstone, com Max Verstappen, e da Itália, em Monza, com Pierre Gasly.

Os triunfos em pistas de alta velocidade mostram o quanto os japoneses evoluíram mesmo tendo iniciado o desenvolvimento dos motores V6 turbo híbridos anos depois dos rivais. Mas, ao mesmo tempo, essa terceira passagem da Honda como fornecedora de motores na F1 vai ficar marcada, também, por uma célebre frase de Fernando Alonso em 2015.

Era o GP do Japão, em Suzuka, pista de propriedade da Honda, e até o presidente da companhia estava presente no circuito. A Honda pagava caro por ter entrado na F1 um ano depois da adoção do complicado motor V6, em uma época em que o desenvolvimento ao longo do ano era bastante limitado pelas regras, o que só mudaria em 2017.

Além disso, a McLaren insistia em não comprometer seu projeto aerodinâmico baseado em torno de uma parte traseira bastante enxuta, o que colocava ainda mais pressão na unidade de potência.
O resultado era um motor lento e pouco confiável. Na 14ª etapa da temporada, irritado ao ser ultrapassado facilmente nas retas, Alonso disparou via rádio: “Motor de GP2!”, referindo-se à categoria de acesso à F1, que hoje se chama Fórmula 2.

A mensagem, é claro, foi escolhida pela F1 para ser transmitida para o mundo, algo que Alonso só foi descobrir depois que saiu do carro com a 11ª posição – em 19 etapas, ele só pontuou por duas vezes naquele ano. Perguntado em entrevista exclusiva a meios brasileiros, sobre o que achava da frase atualmente, o espanhol disse. “Claro que me arrependi. Quando você vê que entrou na transmissão e passou na TV, você gostaria de voltar atrás, de voltar no tempo, até porque não é algo que você imagina que vai acontecer na hora”, explicou.

“Você fala com seu engenheiro por três, quatro vezes a cada volta. Então, em uma corrida de 60 voltas, são quase 180 conversas que você tem com ele. E você pensa que está tendo uma conversa privada, mas ela às vezes é transmitida na TV. No momento em que está frustrado, diz coisas das quais se arrepende depois. Mas acabou se tornando popular e as pessoas usam isso até hoje. Eu posso aceitar e concordar que foi culpa minha. Mas depois que eu esclareci isso, não tem porque ficar falando nisso. Até porque era verdade na época: levamos punições equivalentes à perda de 572 posições no grid naquele ano, e trocamos de motor 14 vezes.”

Alonso revelou ainda que o episódio de 2015 é trazido de volta à tona por seus seguidores nas mídias sociais toda vez que a Honda tem um bom resultado.

“Não é o mesmo motor que a Red Bull e a AlphaTauri estão usando agora. Agora são mais competitivos, mas isso é depois de cinco anos e depois de 200 milhões de dólares de investimento. Quando a Red Bull ganha uma corrida, eu recebo muitos comentários falando ‘seu motor de GP2 está ganhando corrida!’ Ok, aceito isso porque as mídias sociais são assim. Mas se eles estivessem usando o motor de 2015, não estariam disputando. Porque estariam perdendo 572 posições no grid no ano.”

Apesar de ter confirmado a saída ao final de 2021, a Honda se comprometeu a continuar apoiando suas duas equipes, e falou inclusive em lutar pelo título com a Red Bull no ano que vem. Devido ao coronavírus, uma das mudanças nas regras foi a restrição ao desenvolvimento das unidades de potência, então mesmo que a Honda invista menos daqui em diante, isso não deve afetar de forma dramática o rendimento do time de Verstappen e a AlphaTauri.

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