‘Evolução da pandemia em SP não é diferente da Europa’, diz GP do Brasil de F-1
De acordo com o promotor da corrida brasileira, São Paulo deve apresentar em novembro as mesmas condições epidemiológicas que as cidades europeias apresentam neste momento
A organização do GP do Brasil de Fórmula 1 rebateu nesta sexta-feira (3) as declarações de Toto Wolff, chefe da Mercedes e um dos dirigentes mais influentes da categoria. De acordo com o promotor da corrida brasileira, São Paulo deve apresentar em novembro as mesmas condições epidemiológicas que as cidades europeias apresentam neste momento, na abertura da temporada 2020 da F-1.
“A evolução da pandemia em São Paulo não é diferente do que ocorre na Inglaterra ou na Itália e pelas projeções certamente diminuirá até novembro”, disse Tamas Rohonyi, ao Estadão. “A organização do GP Brasil acompanha a situação e mantém a comissão médica da FIA atualizada. As decisões saem de lá, e não de dirigentes de equipes.”
Mais cedo, Wolff disse que disputar uma prova no Brasil seria improvável neste ano em razão dos números de infectados e mortos por covid-19 no país. O mesmo valeria para Estados Unidos e México. “Olhando para esses países agora, não se pode imaginar que iríamos para lá”, afirmou o austríaco à TV britânica BBC.
Para Tamas, o cancelamento do GP brasileiro só faria sentido em caso de “força maior”. “O único fator que justificaria o cancelamento de um evento seria um motivo de força maior, o que está fora do controle das partes envolvidas (tanto contratada quanto contratante)”, declarou.
E reforçou que a decisão não caberia aos dirigentes dos times, mas à Federação Internacional de Automobilismo (FIA). “Essa não seria uma decisão das equipes, mas, sim, da FIA, baseada em evidências do que pode constituir um caso de força maior.”
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o continente europeu registra 2,7 milhões de infectados, com quase 199 mil mortes. Nas Américas, são 5,4 milhões de casos, com 255 mil óbitos. A cidade de São Paulo, epicentro da pandemia no Brasil, soma mais de 165 mil contaminados, com quase 7.500 mortes.
Ainda nesta sexta, Wolff disse que suas declarações foram fundamentadas por conversas com o norte-americano Chase Carey, CEO da F-1. “Baseado em minhas conversas com Chase Carey, ele não quer fechar nenhuma porta, mas não parece que iremos para estes locais. Eles são muito cuidadosos e não irão para lá se for arriscar as pessoas”, disse o austríaco, que até já foi cotado para substituir Carey no comando da F-1.
Na quinta (2), o próprio Carey admitiu a possibilidade de não levar a F-1 para os países das Américas neste ano. “Quando você olha para Estados Unidos, México e Brasil, percebe claramente agora que eles parecem ter uma incidência maior de infecções do que em outros lugares. Então, (estamos) tentando obter informações destes lugares sobre o que é possível e o que podemos fazer”, afirmara o americano.
A questão logística é a maior fonte de preocupação do dirigente. “Realmente precisamos saber: podemos correr nestes locais? Haverá restrições à nossa capacidade de entrar e sair de um local de maneira funcional? Além disso, estamos tentando resolver a questão dos fãs. Gostaríamos de ter fãs em nossas corridas. É uma possibilidade.”
Até o momento, a temporada 2020 tem confirmadas apenas oito etapas, todas na Europa, nas próximas semanas. O restante do calendário deve ser divulgado pela cúpula da F-1 na semana que vem. Há diversas especulações sobre quais etapas serão mantidas e quais serão vetadas. Carey já afirmou que a temporada deve ter entre 15 e 18 corridas neste ano.
O campeonato deste ano teve início nesta sexta, com os primeiros treinos livres do GP da Áustria, em Spielberg. A corrida está marcada para as 10h10 de domingo (5).
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