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Conpresp abre processo para analisar o tombamento do Canindé, da Portuguesa

Portuguesa tem 45% do terreno e o restante é cedido pela Prefeitura de São Paulo até o fim de 2092


Por Estadão Conteúdo Publicado 28/01/2020
Divulgação/Portuguesa de Desportos

A abertura de um processo de estudo de tombamento do estádio do Canindé foi aprovada na segunda-feira (27), pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp). A decisão inclui todo o Complexo Oswaldo Teixeira Duarte, no centro expandido da capital paulista, que inclui também o clube social da Portuguesa.

Com a decisão, que teve cinco votos favoráveis e duas abstenções, o espaço deverá manter suas características até o Departamento do Patrimônio Histórico (DPH) realizar um estudo de tombamento e submetê-lo para aprovação do Conpresp, ambos os órgãos vinculados à Secretaria Municipal da Cultura. Da mesma forma, qualquer projeto de intervenção no complexo deverá ser previamente analisado e aprovado.

O pedido foi feito em março de 2019 por torcedores com a ajuda do deputado estadual Campos Machado (PTB). Foram recolhidas mais de 5 mil assinaturas e documentos sobre o estádio inaugurado em 1972.

O projeto do estádio é do arquiteto Hoover Américo Sampaio, que morreu em 12 de janeiro deste ano, cuja trajetória foi principalmente ligada à arquitetura hospitalar e à docência. O salão nobre do clube foi projetado por Vilanova Artigas, um dos principais nomes do modernismo no País e também autor do projeto do Estádio Cícero Pompeu de Toledo, do Morumbi.

Na decisão, o relator, o advogado Marcelo Manhães, lembrou que abrir um estudo de tombamento é uma forma de garantir que o complexo permanecerá enquanto a discussão é aprofundada e evitar novas demolições, como ocorreu com as piscinas, em 2018, cujo projeto também era de Vilanova Artigas.

Manhães abriu possibilidade da demarcação da área como Zepec-APC (Zona Especial de Preservação Cultural). É um instrumento diferente do tombamento cujo objetivo é o de preservar o uso e prática exercidas no local. O caso seria similar ao do Cine Belas Artes. Desta forma, mesmo que o Canindé fosse derrubado, teria de ter sempre um estádio no complexo.

Torcedores se juntaram no ano passado para pedir o tombamento do Canindé para evitar que o clube perdesse o terreno em algum leilão. Com cerca de R$ 350 milhões em dívidas e aproximadamente 500 processos na Justiça, a Portuguesa tem enfrentado diversos leilões.

A Portuguesa tem 45% do terreno e o restante é cedido pela Prefeitura de São Paulo até o fim de 2092. O clube, que elegeu Antonio Carlos Castanheira como novo presidente do final do ano passado, tem sobrevivido graças ao aluguel do estádio para eventos.

O Canindé já teve outro pedido de tombamento recusado. Em 2016, o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) recebeu os documentos, mas não analisou o pedido por julgar não ser de sua competência.

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