Advogado de Lula diz ser vítima de intimidação por criticar Lava Jato
Ele classificou a decisão do juiz Marcelo Bretas como um abuso de autoridade e vinculou o magistrado ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido)
O advogado Cristiano Zanin, defensor do ex-presidente Lula (PT), afirmou nesta quarta-feira (9) em nota ser vítima de uma “clara tentativa de intimidação” através da Operação Esquema S deflagrada pela Polícia Federal.
Ele classificou a decisão do juiz Marcelo Bretas como um abuso de autoridade e vinculou o magistrado ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). “O juiz Marcelo Bretas é notoriamente vinculado ao presidente Jair Bolsonaro e sua decisão no caso concreto está vinculada ao trabalho desenvolvido em favor de um delator assistido por advogados ligados ao senador Flávio Bolsonaro”, disse Zanin, em referência à advogada Luciana Pires, que atuou na celebração do acordo de delação premiada do ex-presidente da Fecomercio Orlando Diniz, base da operação.
Zanin e seu sócio, Roberto Teixeira, compadre de Lula, foram alvos de busca e apreensão nesta quarta como desdobramento da investigação sobre um suposto esquema de tráfico de influência no STJ (Superior Tribunal de Justiça) e no TCU (Tribunal de Contas da União) com desvio de recursos públicos do Sistema S.
Os dois são acusados de liderar o suposto esquema de contratação de escritório de advocacia para tráfico de influência que desviou, de acordo com os procuradores, R$ 151 milhões.
O advogado Frederick Wassef, ex-defensor da família do presidente Jair Bolsonaro, também foi alvo de busca e apreensão.
“A iniciativa do Sr. Marcelo Bretas de autorizar a invasão da minha casa e do meu escritório de advocacia a pedido da Lava Jato somente pode ser entendida como mais uma clara tentativa de intimidação do Estado brasileiro pelo meu trabalho como advogado, que há tempos vem expondo as fissuras no Sistema de Justiça e do Estado Democrático de Direito”, afirmou Zanin.
“É público e notório que minha atuação na advocacia desmascarou as arbitrariedades praticadas pela Lava Jato, as relações espúrias de seus membros com entidades públicas e privadas e sobretudo com autoridades estrangeiras.
Desmascarou o lawfare e suas táticas, como está exposto em processos relevantes que estão na iminência de serem julgados por Tribunais Superiores do país e pelo Comitê de Direitos Humano da ONU”, declarou o advogado do petista.
Zanin afirmou que possui um laudo elaborado por auditores independentes que comprovam atuação do escritório em favor da Fecomercio. De acordo com ele, entre 2011 e 2018, o trabalho envolveu 77 profissionais, 12.474 horas de trabalho e cerca de 1,4 mil petições.
De acordo com o advogado, os valores pagos se deve ao “litígio de grandes proporções, classificado como uma “guerra jurídica” por alguns veículos de imprensa à época, entre a Fecomércio/RJ e a Confederação Nacional do Comércio (CNC), duas entidades privadas e congêneres de representação de empresários e comerciantes”.
“Cada uma delas contratou diversos escritórios de advocacia para atuar nas mais diversas frentes em que o litígio se desenvolveu”, afirmou.
O advogado disse ainda que Bretas, por ser juiz federal, não tem atribuição para atuar em processos envolvendo o dinheiro do Sistema S, sendo essa competência da Justiça estadual. Ele relacionou, ainda, a decisão do magistrado com a iminência sobre o julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a suspeição do juiz Sérgio Moro na ação penal em que condenou Lula.
“[A decisão] Foi proferida e cumprida após graves denúncias que fiz no exercício da minha atuação profissional sobre a atuação de membros da Operação Lava Jato e na iminência do Supremo Tribunal Federal realizar alguns dos mais relevantes julgamentos, com impacto na vida jurídica e política do país”, declarou Zanin.
“Todas as circunstâncias aqui expostas serão levadas aos foros nacionais e internacionais adequados para os envolvidos sejam punidos e para que seja reparada a violação à minha reputação e à reputação do meu escritório, mais uma vez atacadas por pessoas que cooptaram o poder do Estado para fins ilegítimos”, disse o advogado.
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