Ao contrário de ações pelo mundo, Brasil mantém fronteiras abertas diante do novo coronavírus
Vários países da América do Sul fecharam temporariamente suas fronteiras para todos os estrangeiros
Na contramão do que países europeus vêm fazendo como medidas de contenção do novo coronavírus em seus territórios, o governo brasileiro informou nesta segunda-feira (16) que manterá suas fronteiras abertas.
“Não estamos pensando em fechar fronteiras, pelo contrário. Vamos agora resolver o problema do navio que está no Recife e temos dentro do navio dois uruguaios e argentinos, passageiros, tripulantes, e vamos receber esses sul-americanos e acompanhar seu isolamento em Recife antes de poder encaminhar para países de origem”, afirmou o secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, durante entrevista à imprensa na tarde desta segunda.
Para tentar combater a pandemia de coronavírus, parte da Europa e vários países da América do Sul fecharam temporariamente suas fronteiras para todos os estrangeiros a partir desta segunda-feira (16).
Na União Europeia, a entrada estará proibida por ao menos 30 dias. A medida engloba os 27 países da União Europeia mais quatro que fazem parte da zona Schengen, espaço de livre circulação dentro do continente.
Exceções serão abertas apenas para cidadãos europeus, residentes e seus familiares diretos, profissionais de saúde ou de transporte, diplomatas, cientistas e em casos de emergência.
Na América do Sul, o movimento começou com a Argentina, que anunciou, ainda no domingo à noite, o fechamento das fronteiras aos estrangeiros por pelo menos 15 dias e o cancelamento dos voos provenientes da Europa e dos Estados Unidos por um mês.
“Acho que é essa a posição do Brasil. Nós vamos receber as pessoas que estão nesse navio e não são brasileiras”, disse, em referência a um cruzeiro na costa brasileira no Nordeste.
A medida ocorre após um turista do Canadá que estava em um cruzeiro de bandeira bahamense, retido no porto de Recife, ter recebido diagnóstico de Covid-19. Ele está internado em um hospital da rede privada. Enquanto isso, o desembarque do navio está suspenso. Cerca de 600 pessoas, entre passageiros e tripulantes, estão no navio.
Na sexta (13), o Ministério da Saúde recomendou aos estados a suspensão de todos os cruzeiros marítimos enquanto durar a emergência pelo novo coronavírus. A ideia da pasta era que novas viagens já estivessem vetadas. Já aquelas em andamento seriam analisadas caso a caso.
Menos de um dia após a determinação, o ministério teve que recuar da medida. A situação ocorreu após pressão dentro do governo, segundo apurou a reportagem.
Gabbardo explicou que o governo deve fazer novo ajuste sobre a questão dos cruzeiros daqui para frente.
“Temos negociação com as empresas e autorizamos que continuassem com cruzeiros em andamento, que faltavam pouco para terminar, com o compromisso de que não haveria mais nenhum novo cruzeiro saindo e não receberíamos mais nenhum cruzeiro internacional ao Brasil. Todos os cruzeiros saindo deram meia-volta e retornaram aos seus países de origem”, disse.
Durante a entrevista desta segunda, o governo brasileiro manteve ainda a recomendação para isolamento voluntário no país, diferentemente do que autoridades europeias vêm fazendo com o objetivo de tentar conter a dispersão do novo coronavírus.
A medida vale para brasileiros que vierem do exterior, mesmo sem sintomas.
Nesse caso, a recomendação é que fiquem por sete dias em casa e informem a rede de saúde caso apresentem febre e outros sintomas, como tosse e falta de ar.
Para as demais pessoas, a orientação é que evitem aglomerações e adotem medidas de distanciamento social.
Nesta segunda, o Ministério da Saúde atualizou para 234 o número de confirmações de pessoas com diagnóstico com o novo coronavírus.
O governo esclareceu ainda que a recomendação de isolamento voluntário não deve ser aplicada para estrangeiros que vierem ao Brasil para participar de reuniões ou congressos. “Não tem sentido ficar em isolamento em hotel até eles participarem da atividade”, disse Wanderson Oliveira, Secretário Nacional de Vigilância do Ministério da Saúde.
Prevendo uma situação de emergência daqui para frente, o governo vem conversando com a rede privada de saúde para que a rede pública possa utilizar leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
Uma das medidas para evitar que o sistema público não dê conta é modificar o ingresso e a saída de pacientes dessa modalidade de tratamento, para que apenas os que realmente precisem sejam internados em UTIs.
Gabbardo disse que o Ministério da Saúde passará a trocar informações com a rede privada sobre a utilização de seus leitos pela rede pública. “Queremos saber qual a ocupação, quem tem leito ocioso e, se necessário, poderemos requisitar leitos privados. Eles podem ser requisitados para leitos do SUS”, explicou.
Para garantir que o país tenha equipamento e material para tratamento de pacientes que se contaminem com a Covid-19 e precisem de tratamento hospitalar, o Ministério da Economia vai adotar medidas como zerar imposto de importação de alguns equipamentos –por exemplo, os que auxiliam na respiração– e proibir que o Brasil os exporte.
Uma possibilidade ainda é que o Brasil tenha acesso a equipamentos adquiridos pela China e que não foram usados. O Ministério da Saúde informou estar em contato com a embaixada chinesa no Brasil.
Ainda durante a entrevista, o secretário-executivo do Ministério da Saúde esclareceu que o governo brasileiro não reprova o uso de alguns medicamentos, como o ibuprofeno para pacientes que contraírem o novo coronavírus.
“Levantou-se a hipótese de que isso poderia reduzir a ação. Nossa secretaria fez revisão, consultou especialistas e, neste momento, não há motivo que justifique substituição do medicamento”, disse Gabbardo.
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