Araraquara usa igreja como hospital de retaguarda para ampliar leitos de Covid-19
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias funcionará nos próximos três meses como um polo de apoio à saúde local, que viu as mortes por Covid-19 provocadas pela variante brasileira P1 explodirem na cidade no fim de janeiro
Para conseguir ampliar a oferta de leitos depois que a nova variante do coronavírus passou a circular e a pressionar o sistema de saúde em Araraquara, a prefeitura está transformando o espaço de uma igreja em um hospital de retaguarda para atender pacientes.
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias funcionará nos próximos três meses como um polo de apoio à saúde local, que viu as mortes por Covid-19 provocadas pela variante brasileira P1 explodirem na cidade no fim de janeiro. A partir da próxima semana, deverá abrigar 21 leitos, dos quais 19 de enfermaria e outros 2 de isolamento, e a unidade será equipada com sistemas de oxigênio, vácuo e ar comprimido.
Apesar de a previsão ser a de utilizar a igreja por três meses, o prazo pode ser renovado dependendo do cenário da pandemia no município.
Os primeiros 12 leitos foram instalados na última semana, no salão principal da igreja. Os outros 9 serão colocados no setor administrativo e em outras salas do templo. “Queremos fazer a internação precoce. No paciente com comorbidade que tinha necessidade de internação, a gente conseguia monitorar melhor. Isso é impossível hoje com a estrutura que temos”, disse a secretária da Saúde de Araraquara, Eliana Honain.
O local já chegou a ser utilizado entre abril e outubro do ano passado pela prefeitura, que o devolveu para que a instituição religiosa retomasse suas atividades. No período, cerca de 320 pessoas foram atendidas no local.
O cenário da pandemia em Araraquara, então, era relativamente confortável. Em 2020, foram registradas 92 mortes durante o ano todo e o sistema de saúde tinha capacidade de absorver a demanda de pacientes diagnosticados com a Covid-19.
Mas o agravamento da pandemia e o surgimento da nova variante na cidade mudou tudo. Mesmo tendo ampliado a oferta de vagas para pacientes com Covid-19 em 250%, em razão do aumento acelerado de casos e do agravamento dos pacientes, os leitos atuais não têm condições de serem utilizados preventivamente, de acordo com a secretária.
Araraquara chegou nesta sexta-feira (19) a 16.560 casos, para uma população de 238 mil habitantes, e 304 mortes. Dessas, 188 foram a partir de fevereiro. Foram 113 confirmações em 24 horas, com duas mortes –de um homem de 53 anos, que ficou internado 15 dias, e uma mulher de 90, que ficou dez dias no hospital.
De acordo com Fabiana Araujo, coordenadora extraordinária de ações de combate à Covid-19 na cidade, a parceria com a igreja a transforma numa extensão da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Vila Xavier, uma das três existentes em Araraquara.
A da Vila Xavier é exclusiva para Covid-19 e, como a igreja é vizinha da unidade de saúde, era o local ideal para o atendimento dos pacientes. Uma passagem conecta os dois imóveis.
A ocupação em UTIs caiu nesta semana pela primeira vez desde o agravamento no município, que se viu obrigado a decretar um lockdown, depois seguido por mais de duas dezenas de cidades no interior paulista.
Dos 97% de ocupação registrados na última quarta-feira (17), o índice de utilização das UTIs baixou para 84%, no dia seguinte, e 82%, nesta sexta. Há 169 pacientes internados, dos quais 77 em leitos intensivos.
Além da montagem dos equipamentos, o processo de contratação de pessoal está em andamento.
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