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Doria participa de vacinação quilombolas de Eldorado (SP), que foram ofendidos por Bolsonaro

A cidade, no Vale do Ribeira, é onde Jair Bolsonaro (sem partido) foi criado


Por Folhapress Publicado 23/01/2021
Foto: Divulgação/Governo de São Paulo

O governador João Doria (PSDB) participou da vacinação em uma comunidade quilombola em Eldorado (269 km de SP), no interior de São Paulo. A cidade, no Vale do Ribeira, é onde Jair Bolsonaro (sem partido) foi criado e também já foi citada pelo atual presidente em frase considera ofensiva aos quilombolas.

“Fui num quilombola em Eldorado Paulista. Olha, o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada. Nem para procriador ele serve mais”, disse em palestra no Rio, em 2017.

“Mais de R$ 1 bilhão por ano gasto com eles”, disse na ocasião, para reforçar sua promessa de que, se eleito presidente, “não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena ou para quilombola”.

A cidade tem 11 quilombos, mas a frase, mesmo não citando um deles em particular, gerou indignação entre as comunidades quilombolas da cidade, conforme a Folha apurou em visita à cidade em 2018.

Desde que saiu na frente de Bolsonaro na corrida da vacinação, ao participar do evento em que a enfermeira Mônica Calazans foi imunizada, Doria vem correndo o estado em cerimônias semelhantes.

Até o momento, apenas doses da Coronavac, do Butantan em parceria com a farmacêutica Sinovac, foram aplicadas nos brasileiros. O governo federal recentemente conseguiu trazer 2 milhões de doses da vacina da AstraZeneca, desenvolvida em parceria com a Fiocruz.

“Muita emoção na agenda de hoje no Vale do Ribeira. Em Eldorado, iniciamos a vacinação nas comunidades Quilombolas de SP no Quilombo Ivaporunduva. Vacinamos 300 quilombolas que vivem em extrema vulnerabilidade. São Paulo é o primeiro estado do Brasil a imunizar comunidades quilombolas”, escreveu Doria em sua rede social.

A presença do governador acontece após críticas sobre o sumiço do grupo do plano de vacinação. O governador, então, afirmou que o Ministério da Saúde havia excluído o grupo da fase inicial de imunização, o que não seria seguido por São Paulo.

“Acabo de determinar que em SP a população Quilombola fará parte do programa de vacinação desde já, conforme previsto no Plano Estadual de Imunização”, afirmou o governador.

Bolsonaro foi criado em Eldorado, cidade onde vivem os quilombolas. Em 2018, ele chegou a ser denunciado pela então procuradora-geral, Raquel Dodge, por racismo, devido à frase sobre o grupo. No entanto, a denúncia não foi aceita pelo Supremo Tribunal Federal.

Em 2018, a Folha esteve em quilombos de Eldorado, onde quilombolas negaram que Bolsonaro estivesse ido até as comunidades. Procurada na ocasião, a assessoria de Bolsonaro não disse em qual quilombo ele esteve ou quando isso ocorreu. Ele nunca deixou claros esses detalhes.

“Aqui ele nunca veio”, diz Benedito Alves da Silva, 63, o Ditão, um dos líderes de Ivaporunduva, principal comunidade da região. “Por trás dessa fala dele tem o racismo e o interesse econômico”, afirma.

Consultados, representantes de outros sete quilombos disseram também não ter conhecimento da presença do político em seus territórios.

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