Estado de São Paulo registra 1.866 novos casos de Covid-19 em 24 horas
Em 24 horas, houve 1.866 novos casos e 197 novos óbitos; taxas de isolamento social voltaram a cair para 47% e 48%
As taxas de isolamento social do estado e da Grande São Paulo, que se mantiveram acima de 50% no final de semana, voltaram a cair para 47% e 48%, respectivamente, nesta segunda-feira (4).
O coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus, o infectologista David Uip, disse que o índice deve ser melhorado diariamente.
“Teremos enormes dificuldades em um mês se a taxa não aumentar. A população precisa estar convencida de que esta é a única forma de dar conta da assistência aos pacientes do estado de são Paulo e de municípios que fazem divisa com o estado”, afirma.
Até as 18h desta segunda, o estado confirmou 34.053 casos de Covid-19, com 2.851 mortes. Em 24 horas, houve 1.866 novos casos e 197 novos óbitos.
No dia anterior, SP havia chegado a 32.187 casos e 2.654 mortes. De domingo (3) para o dia seguinte, os números de casos e mortes registrados em 24 horas foram menores –415 e 27, respectivamente.
Com a abertura de novos leitos de UTI, a taxa de ocupação de leitos caiu 1,9 ponto percentual na Grande São Paulo e está mantida em 86,9%. No interior, a Secretaria de Estado da Saúde registrou alta de 1 ponto percentual, em um dia, passando de 67,9% para 68,9%.
Carlos de Carvalho, diretor da divisão de pneumologia do Incor, responsável pelas UTIs do Hospital das Clínicas e integrante do comitê chefiado por Uip, diz que, por enquanto, há uma folga de 30% de leitos não ocupados no interior, o que não é realidade na capital paulista, que opera com taxa de ocupação entre 85% e 90%.
Segundo o secretário estadual da Saúde, José Henrique Germann, há cerca de 1.800 leitos de UTI para serem abertos no estado, mas isso depende da chegada de respiradores, que deverá ocorrer a partir desta quinta (7).
Serão priorizados os hospitais da região metropolitana, a fim de baixar a taxa de ocupação com os leitos novos que passarão a integrar o sistema.
Até meio-dia desta terça (5), as UTIs estaduais estavam com 3.457 pacientes internados com suspeita ou confirmação de Covid-19, e outros 5.448 permaneciam nas enfermarias.
Desde o início da pandemia, o Centro de Contingência de Coronavírus elaborou uma linha de cuidados ao paciente que apresente sintomas de Covid-19.
De acordo com Carvalho, o paciente vai ao hospital, onde é submetido a exames clínicos e laboratoriais, como medida de oxigenação, e exame de imagem.
Com o resultado, determina- se a gravidade. Se for um caso simples, a pessoa é orientada a retornar para casa e será monitorada. Se for mais grave, será registrado no sistema Cross (Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde), que determina o leito mais adequado conforme a gravidade do caso e disponibilidade de vagas. Pode ser uma UTI ou um leito mais isolado.
Aquele que recebe alta, é acompanhado ambulatorialmente durante um ano. “É para nós sabermos se a doença deixa sequelas no pulmão ou no organismo. Como a doença é nova, não sabemos”, afirma Carvalho.
Quem vai a óbito, é submetido à necrópsia minimamente invasiva. “O corpo não é mais aberto. São feitas punções para a retirada de partes de tecidos mais importantes para entendermos a doença, uma vez que o vírus ficará circulando nos próximos anos”, explica Carvalho.
Essas necrópsias minimamente invasivas estão oferecendo dados importantes sobre a Covid-19, segundo Uip.
“É uma doença multivisceral, que começa pela insuficiência respiratória em paciente grave e pode atingir outros órgãos, como coração e rins. Há um acometimento da pele, do sistema de coagulação e do sistema nervoso central. Outro fato importante é que a infecção viral promove resposta inflamatória individual, podendo ser mais ou menos intensa; há fenômenos tromboembólicos e, na sequência, a infecção bacteriana”, explica.
VENTILADORES MECÂNICOS
Com a disseminação da doença, a premência por novos leitos de UTI e de equipamentos que tratem a insuficiência respiratória e atendam à necessidade de oxigenar o sangue, o comitê tem discutido um protocolo de assistência ventilatória, que foi debatido com colegas estrangeiros, para evitar que o estado repita os problemas ocorridos em países como China, Espanha e Itália.
Pesquisadores da USP e de outras universidades estão trabalhando na construção de novos ventiladores mecânicos. “Há projetos na Anvisa à espera de aprovação. Esperamos que, num futuro próximo, possam ser produzidos ventiladores nacionais, mais simples, mas que serão fundamentais para atender à população”, diz Carvalho.
Uma hipótese que São Paulo aprendeu com a Itália, segundo Carvalho, é a possibilidade de fazer a ventilação não invasiva (sem intubação) quando há sobrecarga de ventiladores mecânicos para doentes intubados. Para isso é utilizado um capacete pressurizado.
“Como não temos esse capacete no Brasil, empresas e pesquisadores estão desenvolvendo capacetes nacionais para desafogar as UTIs e postergar ou nem chegar à necessidade de intubação. Como ainda não temos medicamentos eficazes para eliminar o vírus, precisamos que o doente tenha uma ou duas semanas de tempo vivo para que consiga produzir anticorpos e neutralizar o vírus”, explica Carvalho.
O Hospital das Clínicas receberá até sexta (8) alguns capacetes para testes, mas a aprovação final ficará a cargo da Anvisa.
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